Os professores da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) encerraram nesta quarta-feira (4) a greve que durou 23 dias por conta do atraso no pagamento dos salários. Segundo o Sindicato dos Professores de Campinas e Região (Sinpro), todos os vencimentos foram quitados. Parte das atividades já foi retomada nesta quarta e o restante volta na quinta (5).
A greve foi iniciada em 11 de junho após a Unimep não pagar os salários de todos os professores no quinto dia útil e, com isso, desrespeitar o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a universidade.
Fachada da Universidade Metodista de Piracicaba — Foto: Carol Giantomaso/G1
Segundo a diretora do Sindicado dos Professores de Campinas e Região (Sinpro) Conceição Fornasari, todos os salários de maio foram pagos na terça-feira (4) e a assembleia marcada para quarta foi cancelada.
"A greve está terminada porque o objeto era o não pagamento dos salários. Como eles foram integralizados ontem, não tem mais razão da greve continuar, mas nós ainda estamos mobilizados com a Unimep porque tem uma série de outras questões para ser trabalhada".
A diretora afirma que a entidade e a reitoria já realizaram três reuniões para tentar um acordo sobre a crise financeira que vive a universidade. Nesses diálogos, a reitoria afirma que é preciso tomar medidas para evitar demissões, diz Conceição.
"Estamos sentados com a reitoria, conversando sobre uma proposta de acordo que eles nos enviaram para ajudar a sanar os problemas financeiros da universidade e nós estamos discutindo isso ainda. Assim que nós tivermos uma proposta que possa ser levada para uma assembleia, nós vamos convocá-la".
Dentre as medidas citadas pela reitoria está a abertura de processo para demissão voluntária, a migração dos professores que estão na carreira antiga para a nova e também a mudança da data do pagamento dos salários.
"A única coisa que estamos [Sinpro] pedindo é que se retome a discussão sobre o acordo coletivo de trabalho, que está suspenso. Agora, eles solicitam uma série de medidas para ajudar exatamente na questão que eles alegam da crise financeira", afirma a diretora.
Professores da Universidade Metodista de Piracicaba retomam trabalhos, diz Sinpro — Foto: Carol Giantomaso/G1
A greve
Durante a paralisação, que é a segunda em menos de um ano, houve uma audiência no MTP sobre o descumprimento do TAC. Nela, a entidade mantenedora da Unimep, o Instituto Educacional Piracicabano da Igreja Metodista (IEP) confirmou que não conseguiu quitar os salários de 120 docentes.
O IEP chegou a afirmar que a previsão era pagar a totalidade dos salários de maio em 25 de junho, mas isso só ocorreu nesta terça.
Apesar do descumprimento do TAC, o procurador do trabalho Paulo Crestana optou por não mover ação de execução de multa, como havia pedido a Associação dos Docentes da Unimep (Adunimep). Crestana deu 20 dias para que as partes realizem nova tentativa de acordo, já que o IEP pediu uma "negociação mais ampla" sobre a crise que a instituição vive. O prazo vence no dia 9.
Acordo de pagamento
O TAC foi firmado em março deste ano após sete audiências no MPT com funcionários e representantes do Instituto Eduacional Piracicabano da Igreja Metodista (IEP). Os debates, que partiram de uma denúncia formalizada pelos trabalhadores, começaram em 18 de maio do ano passado.
No dia 14 de maio, a procuradora do MPT Clarissa Schinestsck assinou um despacho cobrando a apresentação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) atualizado da universidade, uma planilha com nome, CPF, função e salário de todos os funcionários e comprovante bancário de pagamento.
O despacho foi emitido após uma notificação da Adunimep à Procuradoria do Trabalho de que os pagamentos de abril não tinham sido feitos no prazo determinado no TAC. A Unimep comprovou o pagamento aos trabalhadores, mas os vencimentos foram quitados no dia 22 de maio, e não no quinto dia útil.