Cerca de 300 alunos da Escola Técnica Estadual Presidente Vargas, em Mogi das Cruzes, realizam nesta terça-feira (10) uma paralisação, de acordo com os próprios estudantes. Eles protestam por mais qualidade na merenda oferecida e também contra a máfia das merendas. O Centro Paula Souza, que administra as Etecs, afirma que houve uma manifestação de alunos durante a manhã, mas que os professores dão aulas normalmente.
A estudante Mariana Sato, de 16 anos, explica que os alunos contestam o projeto de consulta pública anunciado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no qual os estudantes terão que informar se preferem receber uma refeição completa ou dois lanches.
“A gente enxerga que teremos que escolher uma hora para passar fome. Nós recebemos só o lanche seco às 10h e a maioria dos alunos estuda no período integral, ficando na escola até o final da tarde”, argumenta.
Segundo a aluna, basicamente, a merenda consiste em um bolinho e um suco ou achocolatado. “A gente quer ter o direito ao almoço e não termos que escolher entre uma refeição e outra”, acrescenta.
A paralisação dos estudantes foi organizada pelas redes sociais. Quem é contra o ato, pode entrar na unidade e está tendo aula normalmente. Os alunos que participam da paralisação estão reunidos dentro da Etec e discursando sobre o tema. Está prevista uma assembleia entre os alunos para apresentar soluções.
De acordo com o Centro Paula Souza, que administra as unidades das Etecs, "as aulas na Etec Presidente Vargas, de Mogi das Cruzes, estão sendo ministradas normalmente na manhã desta terça-feira, 10 de maio. Inclusive com calendário de provas. O que houve na escola foi uma manifestação de um grupo de alunos no pátio da unidade."
Na última sexta-feira (6) o diretor da Escola Técnica (Etec) São Paulo, Nivaldo Freire, disse que alunos de período integral terão marmita. A medida valerá a partir de agosto e abrangerá todas as Etecs, disse Freire.
Sobre o formulário para a escolha da refeição (dois lanches ou almoço), o Centro Paula Souza diz que vai disponibilizar almoço para todos os alunos de Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) que estudam em período integral e ainda não recebem a refeição. "A alimentação escolar do tipo marmitex começará a ser distribuída no segundo semestre de 2016 até que todas as unidades estejam adaptadas para o preparo e distribuição de refeições", informou em nota.
A instituição esclareceu ainda que, atualmente, esses estudantes já recebem dois lanches nos intervalos. "Agora poderão optar entre continuar a receber essa merenda pela manhã e à tarde ou receber uma refeição na hora do almoço. A instituição deu duas alternativas porque muitos alunos, especialmente no interior do Estado, preferem almoçar em casa ou levar a própria refeição para as escolas, que têm infraestrutura para aquecimento de alimentos. Ainda não foi definido se o almoço será do tipo marmitex ou servido em esquema de bandejão", afirmou o Centro.
"Todas as Etecs oferecem algum tipo de alimentação a seus alunos. Em 144 delas, ou quase 70%, já são servidas refeições completas", finaliza a nota.
Ocupações
Na semana passada 14 escolas estavam ocupadas em São Paulo, de acordo com informações dos estudantes. Os alunos protestam em 12 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e em duas escolas estaduais. Os alunos também chegaram a ocupar a sede do Centro Paula Souza e foram retirados do local no dia 6 de maio, após a Justiça conceder a reintegração de posse.
No prédio ocupado, na região central de São Paulo, funciona a área administrativa do Centro Paula Souza e também a Etec Santa Ifigênia.
Investigação do MP
O Ministério Público do Estado de São Paulo abriu duas investigações relativas aos protestos levantados por alunos da rede estadual de educação.
O promotor João Paulo Faustinoni e Silva, do Grupo de Atuação Especial de Educação (Geduc), pediu detalhes ao Centro Paula Souza sobre o fornecimento de merenda aos alunos das Etecs. Os alunos protestam contra a qualidade da merenda e pelo fato de o fornecimento não ocorrer em todas as unidades de ensino técnico.
O promotor abriu outra investigação para apurar a possível falta de normatização e institucionalização de práticas de gestão democrática no ensino estadual.
Fraude na merenda
Em janeiro, a Polícia Civil e o Ministério Público divulgaram informações da Operação Alba Branca, que investiga sobre o esquema de fraude na compra de alimentos para merenda de prefeituras e do governo do estado.
O principal produto vendido pela Coaf era o suco de laranja integral.Contratos firmados com a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) e a Prefeitura de Mogi foram apreendidos pelo MP.
No começo desse mês, estudantes invadiram o plenário da Assembleia Legislativa para pedir a abertura de uma CPI para investigar o esquema de fraude da merenda.
O governo do Estado informou nesta terça-feira (10) ter sido vítima nete caso. "Somos favoráveis as investigações e estamos fazendo a nossa investigação. A Polícia Civil iniciou as investigações em parceria com o Ministério Público. Paralelo a isso, a Corregedoria Geral da Administração abriu apuração sobre os servidores citados nas investigações", informou em nota.