30/11/2015 15h39 - Atualizado em 30/11/2015 21h59

Pichações racistas, homofóbicas e machistas são encontradas na Unesp

'São atos covardes', diz estudante que teve o nome citado em pichação.
Campus de Bauru já foi pichado em julho deste ano contra professor negro.

Renata MarconiDo G1 Bauru e Marília

Pichações foram encontradas na Unesp de Bauru (Foto: Reprodução / Facebook)Pichações foram encontradas na Unesp de Bauru (Foto: Reprodução / Facebook)

Mais uma vez o banheiro do campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru (SP) foi alvo de pichações racistas, homofóbicas e machistas. Os alunos encontraram as pichações nesta segunda-feira (30) escritas no banheiro masculino do Departamento de Comunicação Social (DCSO). Em julho deste ano, pichações racistas foram encontradas contra as mulheres negras e também contra o coordenador do núcleo negro da universidade para a pesquisa.

Nomes de alunos que participam de um coletivo feminista na faculdade estavam pichados na porta, seguidos de ofensas. O coletivo discute problemas vividos por mulheres negras, relacionamento abusivo, gordofobia, machismo, entre outros, segundo a estudante de jornalismo Marina Moia, que foi uma das vítimas das ofensas. "Estamos tendo mais visibilidade e os machistas estão vendo e nos ofendendo. São atos covardes. Eles se escondem através das pichações. É triste, revoltante saber que é alguém do campus. A pessoa conhece os nomes, apelidos, pode ser alguém próximo."

A estudante Nathália Rocha também foi uma das estudantes citadas na pichação. "Da outra vez já me afetou, mas esta vez foi pessoal, então machuca mais. Desta vez foi direcionado a três grupos e a minorias.  O coletivo se reúne contra várias fobias e isso gera incômodo", acredita.

O caso aconteceu uma semana depois que a Unesp apresentou o relatório final do processo interno que investigou as pichações racistas encontradas no dia 24 de julho deste ano em um banheiro masculino do campus de Bauru, com um pedido de desculpas ao professor Juarez Xavier, que é coordenador do Núcleo Negro para Pesquisa e Extensão (Nupe), e à comunidade negra, que foram vítimas de racismo.

Nathália acredita que apesar de abrir debates sobre o caso, a impunidade ainda dificulta parar com essas agressões. "O anônimato dificulta uma ação concreta. Vamos cobrar uma posição da faculdade em relação à investigação e registrar boletim de ocorrência", afirma.

O professor Juarez diz que o caso será registrado, mas que os professores serão convocados para uma reunião. “Vamos decidir o que fazer. Tudo está caminhando para o debate.”

Em nota, a Unesp informou que repudia qualquer tipo de pichação racista, homofóbica e machista feita em banheiro na sua Unidade em Bauru. Após devido registro fotográfico para o processo averiguatório, conforme é o procedimento nesses casos, os dizeres são apagados. A Universidade considera as pichações um ato  contra o Estado Democrático de Direito, e elas passam a ser também motivo de reflexão do Grupo de Prevenção da Violência da Unesp que atua na conscientização da comunidade e no fomento aos Direitos Humanos.

Mensagens racistas foram escritas em um banheiro da Unesp em Bauru (Foto: Juarez Tadeu de Paula Xavier / Arquivo pessoal)Mensagens racistas foram escritas em um banheiro
Foto: Juarez Tadeu de Paula Xavier / Arquivo pessoal)

Racismo
Pichações com frases racistas foram escritas em um dos banheiros masculinos do campus de Bauru. A ação, descoberta no dia 24 de julho pela administração do campus, foi contra as mulheres negras e também contra o coordenador do núcleo negro da universidade para a pesquisa.

Nas paredes de banheiros masculinos foram escritas frases de ofensa às mulheres negras e também ao professor Juarez Tadeu de Paula Xavier, coordenador do Núcleo Negro Unesp para a Pesquisa e Extensão (Nupe) e também chefe de comunicação da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp.

Ele se manifestou, em entrevista à TV TEM, sobre as ofensas. “É lamentável essa situação justamente agora que estamos criando condições para possibilitar a presença maior da diversidade e da multiculturalidade dentro da universidade. Nós somos a universidade aqui do estado de São Paulo que adotou as cotas para negros, pardos e indígenas, além dos estudantes de escolas públicas, então deve aumentar a miscigenação dentro da universidade, então, dentro desse contexto, uma atitude dessa é muito negativa”, declarou.

As ofensas também falavam das mulheres negras que estudam na universidade. “A gente tem um fato que possa explicar essa agressão. Muitos coletivos foram criados nos últimos dois anos na universidade, de mulheres, homoafetivos, negros, que promovem debates sistemáticos, semanais, com o objetivo de tentar diluir o preconceito contra esses grupos dentro da universidade, então eu acredito que a emergência desses grupos possa ter estimulado esse tipo de atitude”, afirma Juarez.

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Banheiro fica no campus da Unesp próximo a coordenadoria de comunicação  (Foto: Reprodução / TV TEM)Banheiro fica no campus da Unesp próximo a coordenadoria de comunicação (Foto: Reprodução / TV TEM)

 

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