A Controladoria-Geral do Município e o Ministério Público Estadual cumpriram mandados de buscas e apreensão na manhã desta quinta-feira (17) na casa do ex-diretor geral da Fundação Theatro Municipal, José Luiz Herencia, e em outros três locais. Ele é suspeito de firmar contratos superfaturados durante sua gestão no teatro. A Controladoria resolveu investigar o ex-diretor porque as contas de 2015 não fechavam.
O G1 procurou os advogados de Herencia na tarde desta quinta e aguarda um retorno. O ex-diretor disse ao SPTV que "não tem o que ser dito". "Isso é carnaval, exagerado", afirmou. Ele pode responder por associação criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em novembro de 2015, ele pediu exoneração alegando divergências com a administração do teatro. Ele estava à frente da fundação desde 2013. De acordo com o MP, os prejuízos à Prefeitura podem chegar a R$ 20 milhões. Durante as buscas desta quinta-feira, foram apreendidos documentos, contratos administrativos da Prefeitura de São Paulo e documentos correspondentes ao patrimônio do ex-diretor.
Na casa da mãe do ex-diretor, foi apreendido um HD que, segundo as investigações, ficava no computador que ele usava no Theatro Municipal e que ele levou embora quando saiu do teatro para esconder o que estava registrado ali, segundo as investigações.
Herencia, por meio da fundação, teria firmado contratos superfaturados para produção de espetáculos musicais e de teatro, tendo recebido “propina” através da conta bancária da mãe, da namorada e outra administrada por ele, segundo informações da Promotoria.
O ex-diretor do Theatro Municipal também teria lavado dinheiro em empresas criadas com esse objetivo, de acordo com as investigações. Essas empresas movimentaram cerca de R$ 3 milhões em seis meses, em 2014, de acordo com o MP.
O dinheiro desviado teria sido usado para comprar terrenos no litoral Norte, carros e uma parte acabou depositada nas contas da mãe e namorada. Um apartamento avaliado em R$ 6 milhões está no nome da namorada dele. As duas são consideradas cúmplices no caso.
“Nós já iniciamos auditoria nos anos anteriores e esses valores são desvios recentes. Há possibilidade de esse esquema ser muito maior do que o encontrado”, diz o controlador-geral do Município, Roberto Porto. Sete produtores culturais estão sendo investigados.
Na manhã desta quinta, em Cidade Tiradentes, o prefeito Fernando Haddad (PT) informou que, após a demissão de José Luiz Herencia da direção da Fundação Theatro Municipal, solicitou à Controladoria Geral do Município uma averiguação completa das contas. “Passa a limpo tudo o que aconteceu. Nós não vamos tolerar, como nunca toleramos o desvio de um centavo sequer”, afirmou.
Em nota enviada ao G1, a Prefeitura de São Paulo informou que a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Theatro Municipal de São Paulo estão colaborando com o Ministério Público e a Controladoria-Geral do Município e não se pronunciarão para não prejudicar as investigações em andamento.
Os promotores querem investigar, agora, a gestão dele como secretário de Políticas Culturais no Ministério da Cultura, nos anos de 2009 e 2010, e como presidente da Associação Amigos do Museu de Arte Moderna.