Claudio Oliveira, conhecido como "Rei do bitcoin", é investigado por fraude bilionária — Foto: Reprodução/RPC
Cláudio José de Oliveira, conhecido como "Rei do Bitcoin", foi condenado nesta terça-feira (12) pela Justiça Federal do Paraná por estelionato e crimes contra o sistema financeiro nacional.
(Correção: o g1 errou ao informar em reportagem publicada em 12 de abril que Lucinara da Silva Oliveira havia sido condenada pelo crime de organização criminosa. Na realidade, ela foi condenada pela tentativa de embaraçar a investigação. O erro foi corrigido às 15h40 desta quinta-feira, 14).
O juiz Paulo Sergio Ribeiro, da 23ª vara federal de Curitiba, determinou pena de 8 anos e 6 meses de prisão em regime fechado, além de pagamento de multa. Na sentença, porém, o juiz absolveu o réu dos crime de associação e organização criminosa.
Também são réus na ação a esposa de Cláudio, Lucinara da Silva Oliveira, e Johnny Pablo Santos, tido como braço direito do "Rei do Bitcoin".
Lucinara foi condenada a dois anos e cinco meses de reclusão em regime aberto pela tentativa de embaraço à investigação. A defesa informou que vai recorrer da decisão.
Santos, por sua vez, foi absolvido de todos os crimes pelos quais foi denunciado.
Procurada, a defesa de Cláudio afirmou que "após longo período de investigação e processo, grande parte das graves acusações feitas contra ele foram afastadas pelo próprio Juízo Federal que proferiu a sentença".
Disse, ainda, que a parte sempre foi disponível e transparente com o objetivo de esclarecer o fato e que acredita em absolvição no recurso.
A reportagem tenta contato com os demais envolvidos.
Fraude bilionária
O "Rei do Bitcoin" é acusado de cometer uma fraude de R$ 1,5 bilhão em simulações de negociações de criptomoedas. Segundo as investigações, cerca de 7 mil pessoas foram vítimas de um golpe realizado por corretoras controladas por ele.
Outras cinco pessoas ligadas ao Grupo Bitcoin Banco, controlado por Cláudio José de Oliveira, também foram denunciadas por envolvimento nas fraudes. Porém, o juiz federal entendeu que os crimes deles devem ser julgados pela Justiça estadual.
Como a investigação começou
As corretoras ligadas ao "Rei do Bitcoin" passaram a ser investigadas em 2019, após o proprietário registrar um boletim de ocorrência afirmando que havia sido vítima de um ataque cibernético. À época, os valores de todos os credores foram bloqueados pela empresa.
Com o passar das investigações e com a falta de colaboração do proprietário da empresa, a Polícia Civil e o Ministério Público desconfiaram que o ataque cibernético era falso e que o grupo havia cometido crimes, como estelionato.
Após denunciarem o suposto ataque cibernético, o grupo suspeito prometeu aos credores que devolveria os valores bloqueados em parcelas. Apesar disso, segundo a PF, os valores nunca foram quitados.
De acordo com a Polícia Federal, Cláudio José de Oliveira é um "habilidoso estelionatário, que mantinha ao seu redor pessoas ignorantes aos assuntos que o criminoso dizia dominar, especialmente relacionados à engenharia financeira do Grupo Bitcoin Banco".
As investigações apontam que o grupo se aproveitou de uma ordem de recuperação judicial para interromper as ações cíveis que a empresa respondia. Durante o processo, segundo a PF, o grupo prestou informações falsas e enganou o Judiciário.
Prisão
Cláudio José, a esposa e outros suspeitos de integrarem o esquema foram presos em julho de 2021 em uma operação deflagrada pela PF para investigar o caso. Todos os suspeitos, exceto Cláudio, foram liberados na sequência.
Segundo a polícia, o casal ostentava bens de luxo e faziam grandes eventos para atrair investidores. Conforme a PF, o líder do grupo possui uma condenação na Suíça por crimes de estelionato e falsificação de documentos.
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