O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a pedir nesta terça-feira (7) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para retirar do juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, as investigações referentes à mulher dele, Cláudia Cruz, e à filha, Danielle da Cunha.
Em março, o ministro do Supremo Teori Zavascki, responsável pelos processos da Lava Jato na Corte Suprema, enviou a Moro as suspeitas do envolvimento de Cláudia e Danielle com as supostas irregularidades investigadas no inquérito sobre contas secretas na Suíça em nome do casal. Cunha já havia tentado anteriormente fazer que a investigação das duas voltasse a ficar sob a responsabilidade do STF.
Desta vez, os advogados do peemedebista dizem que o inquérito no Paraná tem "farta prova" contra Cunha, e que a continuidade da apuração na primeira instância é “clara usurpação" da competência do Supremo, Corte responsável por investigar pessoas com foro privilegiado, como parlamentares e ministros.
O principal argumento de Cunha se baseia em depoimentos dados pelas duas à força-tarefa da Lava Jato no Paraná, em abril.
Cunha foi denunciado ao Supremo por corrupção e lavagem de dinheiro, acusado de não declarar conta no exterior. A mulher e a filha dele, também acusadas de ter conta fora do país, tiveram as suspeitas enviadas para investigação da Justiça Federal do Paraná, onde se concentra a Operação Lava Jato.
Segundo o documento enviado a Teori Zavascki, no depoimento de Danielle o nome de Cunha é citado 17 vezes. No depoimento de Cláudia Cruz, 30 vezes, de acordo com a defesa. Para os advogados, os depoimentos mostraram que os casos das duas estão diretamente relacionados ao do deputado peemedebista.
Denúncia
Em março, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou denúncia contra Cunha no STF acusando-o de evasão de divisas, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral no caso das contas na Suíça.
Segundo a Procuradoria, Cunha recebeu pelo menos US$ 1,31 milhão – R$ 5,2 milhões – em uma conta na Suíça. O dinheiro, segundo a Suíça, foi recebido como propina pela viabilização da aquisição, pela Petrobras, de um campo de petróleo em Benin, na África.
O dinheiro teria sido usado para compra de itens de luxo para a família, tudo sem declarar às autoridades bancárias nem à Justiça Eleitoral.
Nesta terça-feira (7), o jornal da TV Globo Bom Dia Brasil informou que Rodrigo Janot pediu ao Supremo a prisão de Eduardo Cunha. Segundo informação publicada em reportagem do jornal "O Globo" e confirmada pela TV Globo, também foi solicitada a prisão de Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP).
O chefe do Ministério Público pede a prisão dos quatro peemedebistas por suspeita de eles estarem tentando obstruir as investigações da Operação Lava Jato. Os pedidos de prisão estão, há pelo menos uma semana, sobre a mesa do ministro do Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF.