O novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse nesta quarta-feira (26), após tomar posse, que o Brasil precisa "virar a página" do mensalão, uma vez que há diversos outros temas mais importantes para serem debatidos.
"Acho que o país tem inúmeras questões mais importantes do que o mensalão, precisamos virar esta página. Temos uma agenda social, uma agenda política, precisamos olhar para frente e avançar", afirmou.
Barroso deverá julgar os recursos dos condenados no processo do mensalão, que serão julgados pelo plenário em agosto.
O novo ministro disse ainda considerar um "símbolo" o fato de sua posse ter ocorrido em um dia de manifestações pelo país e afirmou que o poder público tem o "dever" de ouvir as reivindicações.
"Eu acho que é um bom símbolo para minha posse a junventude e o povo na rua pacificamente pedindo para o país melhorar. Eu acho que as instituições têm o dever de levar em conta a voz das ruas e procurar atender as demandas sociais. Acho que há demanda social por reforma política, há demanda social pelo fim da corrupção e, portanto, as instituições têm que estar atentas a isso e ser capaz de dar respostas adequadas à população."
Cerimônia
O advogado e jurista Luís Roberto Barroso, de 55 anos, tomou posse como ministro em cerimônia rápida, de cerca de 20 minutos.
Após o hino nacional, cantado pela brasiliense Ellen Oléria, vencedora do programa "The Voice Brasil 2012", Barroso foi conduzido ao plenário pelo ministro com mais tempo de corte, Celso de Mello, e pelo com menor tempo de Supremo, Teori Zavascki. A posse foi dada pelo presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa.
Ao cumprimentar e dar as boas vindas a Barroso, Joaquim Barbosa afirmou estar certo de que o novo ministro terá grande atuação na corte. "Tenho certeza de que vossa excelência terá nessa corte um excepcional desempenho."
Indicado em maio pela presidente Dilma Rousseff e aprovado após sabatina no Senado no início deste mês, Barroso ocupará a vaga deixada no ano passado pelo ex-ministro Carlos Ayres Britto. É o quarto ministro nomeado por Dilma (antes foram Luiz Fux, Rosa Weber e Teori Zavascki).
A corte não estava com a composição completa desde agosto do ano passado, quando Cezar Peluso deixou o cargo ao completar 70 anos. Em novembro, foi a vez de Ayres Britto se aposentar. O Supremo ficou com nove ministros até o fim de novembro, quando Teori Zavascki tomou posse. Agora, com Barroso no cargo, o tribunal volta a ter 11 ministros depois de quase um ano.
Um dos principais advogados constitucionalistas do país, Luís Roberto Barroso atuou em casos importantes julgados recentemente pelo Supremo, como o que liberou a união estável homossexual e o que permitiu o aborto de fetos anencéfalos.