Depois das queixas iniciais por terem sido levados para Brasília, presos do mensalão que se entregaram em São Paulo e Minas Gerais querem agora permanecer na capital federal, onde cumprem pena na Penitenciária da Papuda.
Os principais motivos são a "segurança" da Papuda e as oportunidades de trabalho (para está no regime semiaberto). Alguns querem permanecer em Brasília porque também têm familiares na cidade.
O ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-tesoureiro do extinto PL (atual PR) Jacinto Lamas pediram à Vara de Execuções Penais e ao Supremo Tribunal Federal para trabalhar enquanto cumprem a pena na Papuda.
Dos 12 réus presos no processo do mensalão, dez estão cumprindo pena na Papuda – Henrique Pizzolato fugiu para a Itália e não chegou a ser preso. José Genoino está provisoriamente em prisão domiciliar. Dos 11, sete pretendem continuar em Brasília – Kátia Rabello, Simone Vasconcellos, José Roberto Salgado e Romeu Queiroz pediram transferência para Minas Gerais.
A decisão de transferir todos os condenados para Brasília foi tomada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, porque é no Distrito Federal que fica o STF e também organismo designado para cuidar dos pedidos dos condenados, a Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
Segurança
Cristiano Paz, ex-sócio de Marcos Valério havia pedido para cumprir pena em Minas Gerais, mas voltou atrás na última sexta-feira. A defesa afirma que "em conjunto com seus familiares e, sobretudo, diante da constatação de que o mesmo se encontra recolhido em local seguro, concluiu-se que a melhor alternativa é sua permanência na capital federal".
Paz foi condenado 25 anos, 11 meses e 20 dias pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
O advogado que defende Ramon Hollerbach, Hermes Guerrero, disse ao G1 que “por enquanto” não deve pedir a transferência do ex-sócio de Marcos Valério. Para Guerrero, ele está em um lugar “seguro” e é tratado com “dignidade” no Presídio da Papuda. Hollerbach foi condenado a 29 anos, 7 meses e 20 dias pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
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“Não pedi e por enquanto não vou pedir. Na verdade, a questão é que ele [Hollerbach] foi levado para Brasília e, uma vez levado, ele está onde o ministro do Supremo [Joaquim Barbosa] determinou. Eu estive com ele e ele está em um lugar seguro, sendo tratado com dignidade e respeito e não sei se ele viria para Minas Gerais. Acho que seria meio precipitado pedir para vir para cá, sem saber para qual presídio viria”, afirmou o advogado Hermes Guerrero.
Família e trabalho
O advogado que defende José Dirceu, José Luis Oliveira Lima, afirmou que não há interesses políticos na decisão do ex-ministro de permanecer em Brasília. Dirceu foi condenado a 10 anos e 10 meses pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa.
O advogado disse ao G1 que Dirceu prefere continuar na capital a voltar para São Paulo porque tem dois filhos que moram em Brasília e aguarda resposta do Supremo sobre pedido para trabalhar como gerente administrativo em um hotel da cidade com salário de R$ 20 mil.
Na última quarta (27), a defesa do deputado federal licenciado José Genoino protocolou no STF a desistência do pedido de transferência para São Paulo, na hipótese de o Supremo revogar a prisão domiciliar provisória. Genoino está na casa da filha, em Brasília, e, se tiver de voltar para o semiaberto, pretende cumprir a pena na Papuda. O petista foi condenado a 6 anos e 11 meses pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa.
O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares pediu nesta quinta (28) à Vara de Execuções Penais autorização para trabalhar na Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Brasília.
Delúbio, que cumpre pena de 6 anos e 8 meses pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, apresentou proposta para atuar na área de organização sindical da central. Ele atuará no assessoramento aos sindicalizados e ganhará entre R$ 4 mil e R$ 5 mil para trabalhar das 8h às 18h, conforme os advogados.
O ex-tesoureiro do extinto PL (atual PR) Jacinto Lamas pediu autorização no último dia 22 para trabalhar fora da Papuda, cursar fisioterapia e visitar familiares. Porém, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deu parecer contrário à concessão das autorizações.
Lamas foi condenado a 5 anos de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Nesta quinta-feira (28), Lamas entrou com novo pedido para trabalhar como assistente em uma empresa de engenharia, com salário de R$ 1,2 mil.
Valério fica
Ao G1, o advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, informou que “por enquanto”, não há intenção de se fazer pedido de transferência. Porém, ele não descartou a hipótese e disse que “pode ser” que o faça à Vara de Execuções Penais.
“É uma possibilidade, mas é uma medida que ainda não tomamos, que ainda não decidimos. Naturalmente, se fizermos o pedido, será para Minas Gerais”, afirmou Leonardo.
Valério, apontado como “operador do mensalão”, foi condenado a 40 anos, 4 meses e 6 dias pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.