Blog da Natuza Nery

Por Redação g1


  • Relatório da PF mostra que plano golpista era delirante e contava com três linhas de operações: "eleições limpas", "legalidade" e "informacional".

  • Plano previa, por exemplo, forjar provas de fraude eleitoral e irregularidades para justificar o golpe e até um inquérito sobre "eleições limpas e abertas".

  • Golpistas tentariam convencer o mundo a reconhecer o novo regime. Eles tinham a ilusão de que seriam capazes de fazer essa mágica.

  • Um dos itens relatados pela PF também inclui o termo "denúncia aceita, inquérito aberto". Ou seja, eles acreditavam que teriam o apoio da PGR.

  • Além disso, montariam uma estrutura para vender ao exterior a ideia de que tudo que estava acontecendo era em razão de fraude eleitoral.

Plano golpista era delirante, mostra relatório da PF

Plano golpista era delirante, mostra relatório da PF

Além da conclusão da Polícia Federal de que Jair Bolsonaro não só sabia, como executou, articulou e liderava o plano golpista de ruptura democrática, também chama atenção no relatório do inquérito um organograma que mostra como os golpistas pretendiam estar em todos os lugares, caso o golpe acontecesse. E mais: eles tinham um delírio de que conseguiriam dar ares de legalidade ao golpe.

Segundo a PF, o plano contava com um robusto detalhamento das etapas de implementação do golpe, que incluía três linhas de operações: "eleições limpas", "legalidade" e "informacional".

O plano previa, por exemplo, forjar supostas provas de fraude eleitoral e irregularidades para justificar o golpe e até um inquérito sobre "eleições limpas e abertas". Portanto, quem conduziria isso seria a Polícia Federal, dominada pelo governo golpista. A operação ainda previa novas eleições.

Além disso, os golpistas tentariam convencer o mundo a reconhecer o novo regime. Eles tinham essa ilusão de que seriam capazes de fazer essa mágica. De acordo com a PF, os indiciados contariam com apoio do Congresso. Isso chama atenção porque pode ter tido algum sinal verde de alguém, ou de um grupo, considerando algum tipo de apoio a um decreto que poderia abrir a porteira do golpe.

Trecho do inquérito do golpe. — Foto: Divulgação

Um dos itens relatados pela PF também inclui o termo "denúncia aceita, inquérito aberto". Ou seja, eles também contavam com o apoio da Procuradoria-geral da República, porque a denúncia não só seria apresentada, como ela seria aceita pelo Supremo, então também se contava com figuras que ajudariam o governo golpista.

O terceiro tópico relatado pela PF é o "informacional". Segundo os investigadores, os golpistas previam benefícios à população mais pobre para dar um ar de segurança e levar a comunicação de que o Brasil estaria "em boas mãos".

Além disso, montariam uma estrutura para vender ao exterior a ideia de que tudo que estava acontecendo era em razão de fraude eleitoral. Eles eram tão delirantes, tão delirantes, que achavam que conseguiriam convencer o Brasil e o mundo de que os antidemocráticos eram aqueles que defendiam a democracia, e não o contrário. A maior ironia de todas.

Bolsonaro no centro da trama

O relatório da Polícia Federal foi divulgado nesta terça-feira (26) e apresenta a ação de diversos políticos e militares na trama golpista que ameaçou a democracia entre o fim de 2022 e o início de 2023, após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas.

Um dos políticos com papel central na trama, segundo a PF, é o ex-presidente Jair Bolsonaro, que seria beneficiado com o golpe de Estado. O nome dele é citado 643 vezes no documento.

Além de Bolsonaro, a PF indiciou outras 36 pessoas por envolvimento na suposta tentativa de golpe. O inquérito foi encaminhado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes à Procuradoria-Geral da República (PGR), que poderá — ou não — apresentar denúncia contra o grupo.

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