André Ataíde foi preso em prédio no bairro do Umarizal, área nobre de Belém — Foto: Reprodução/TV Liberal
A Polícia Federal prendeu, no início da tarde desta sexta-feira (29), em Belém, o suspeito de ter feito provas do Enem no lugar de pelo menos outras duas pessoas. A prisão faz parte da operação Passe Livre, deflagrada dia 16 de fevereiro deste ano, em Marabá, sudeste do Pará. A defesa do investigado informou que vai recorrer da prisão.
Estudante de medicina, André Rodrigues Ataíde, 23 anos, estava na casa de parentes na capital paraense quando foi capturado, às 14h30, dando cumprimento ao mandado de prisão preventiva por falsidade ideológica e uso de documento falso, além de estelionato com causa de aumento de pena (por ter sido praticado contra autarquia).
O jovem é o principal alvo da investigação. Segundo a Polícia Federal, ele teria realizado a prova para um parente, em 2022; e para um amigo de longa data, em 2023. André teria falsificado a assinatura ao assinar as provas do Enem. Em ambos episódios de fraude, os candidatos foram aprovados.
André era estudante de medicina da Universidade do Estado Pará (UEPA) no campus de Marabá, no sudeste do Pará. Ele tinha bom histórico escolar de notas. A UEPA decidiu suspender os três alunos de medicina investigados pela Polícia Federal.
Jovem universitário é acusado de fazer provas do Enem no lugar de outras pessoas
Após os procedimentos legais na Superintendência da Polícia Federal no Pará, ele foi encaminhado ao Sistema Penal.
O advogado de defesa de André Ataíde, Diego Adriano Freires, alega que "a prisão é medida extremamente gravosa e desproporcional, haja vista, o estudante André desde o início das investigações tem contribuído com a autoridade policial. De imediato irá solicitar a revogação da prisão do seu cliente".
Tentativa de fuga
A Polícia Federal esteve na casa do alvo na quarta-feira (27), sendo informada que os parentes sabiam que a qualquer momento ele seria preso, por conta do que havia no celular dele. Segundo a PF, para evitar a prisão, o suspeito foi levado de Marabá a Belém, para se esconder em casa de familiares.
Em entrevista ao g1, Diego Adriano Freires, defesa de André, declarou que não houve qualquer tentativa de fuga por parte do investigado, que teria saído de sua cidade, no interior do Pará, para fazer tratamento médico na capital.
"São informações que não condizem com q verdade, haja vista, não existir nenhuma proibição ou impedimento judicial que proibisse André sair de Marabá , inclusive ele estava em Belém em tratamento médico na casa de parentes".
VÍDEO: Veja como foi descoberta a fraude no Enem no PA
Esquema de fraude
Na deflagração da operação, em fevereiro, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, mas ninguém havia sido preso. O alvo de hoje é suspeito de ter sido aprovado duas vezes no Enem (para curso de medicina), se passando por outras duas pessoas.
Com base na nota no Enem conseguida através de fraude, essas duas pessoas foram aprovadas em medicina, pela Universidade Estadual do Pará (Uepa) em Marabá, mas sem terem feito a prova.
A perícia da Polícia Federal constatou que as assinaturas nos cartões de resposta e as redações não foram produzidas pelos inscritos nos processos seletivos do Enem. Para se passar por outros candidatos, o suspeito de fazer as provas pode ter usado documentos falsos. Ele também cursa medicina na Uepa de Marabá.
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Durante a análise dos materiais apreendidos foram localizados diversos outros crimes como realização de inúmeras provas de vestibulares de medicina de faculdades particulares, falsificação de documentos como RG's, cartões do SUS, atestados médicos, receitas médicas, produção de cena de sexo explicito com adolescente, etc. Os crimes que não guardam conexão com crimes federais foram descobertos fortuitamente durante a análise de parte dos materiais apreendidos.
As investigações seguem em andamento, também para descobrir se existem outros aprovados irregularmente por meio do esquema criminoso.
Se confirmada a hipótese criminal os investigados poderão responder pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso, entre outros.