PF fez buscas na casa de alunos de medicina suspeito de fraudar Enem no Pará. — Foto: Reprodução / PF-PA
Postagens em redes sociais foram elementos importantes para esclarecer o suposto esquema de fraude do Enem envolvendo aluno do curso de medicina da Universidade do Estado do Pará (Uepa), no campus de Marabá, sudeste do estado.
Segundo a Polícia Federal, ele teria realizado o exame no lugar de duas pessoas, também aprovados no curso de medicina da mesma universidade. Os três são investigados na operação "Passe Livre".
De acordo com a PF, nesta sexta-feira (16), uma ex-namorada de um dos envolvidos fez postagens sobre a fraude. Os agentes foram em busca da mulher, que auxiliou na apuração do caso ao mostrar os prints aos investigadores. Na conversa, há troca de mensagens entre o então casal, no momento em que ele deveria estar fazendo a prova, o que reforçaria a suspeita de que, na verdade, o calouro de 2023 foi aprovado sem realizar o exame.
A investigação
As investigações começaram há 20 dias, após denúncias anônimas. O caso envolve um aluno de medicina que cursa o nono semestre. Ele teria realizado a prova para um parente, em 2022; e para um amigo de longa data, em 2023.
O caso começou a ganhar repercussão na cidade no começo deste ano, após diversas postagens nas redes sociais do próprio aluno que teria feito a prova do Enem para os amigos. No perfil, ele mesmo conta que recebeu R$ 50 mil e revelou que teria feito prova do Enem para terceiros.
Postagens em rede social do estudante de medicina suspeito de fraudar Enem — Foto: Reprodução
Grafia diferente nas provas pode confirmar suspeita de fraude
Segundo a PF, a suspeita é que o estudante do nono semestre teria usado identidades falsas para se passar pelo amigo e pelo parente, e realizar as provas do Enem. Não há confirmação de que ele teria recebido dinheiro para isso.
Nesta sexta-feira (16), foram realizadas buscas e apreensões contra os suspeitos. No entanto, não foram encontrados documentos falsos.
As provas dos envolvidos passaram por perícia, que revelou que as grafias dos suspeitos e as grafias na prova de redação são incompatíveis. A letra em ambos exames, de acordo com a investigação, apresenta semelhanças a do aluno de medicina.
"Chegou uma notícia crime anônima aqui na Polícia Federal. Depois disso, fizemos a verificação da procedência das informações, confirmando que havia elementos para instauração de inquérito. Então requisitamos documentos ao INEP, que realizada o Enem em todo o país, e cópias de documentos para a Uepa para fazer comparação de assinaturas. Também acionamos a UNIFESP, porque um dos envolvidos já estudou lá. Com base na análise desses documentos, solicitamos perícia que constatou a falsidade", relata o delegado Ezequias Martins, de Marabá.
Após o resultado pericial, a PF solicitou à Justiça mandado de busca e apreensão, que foi decretado. Na operação, foram apreendidas provas do Enem e aparelhos telefônicos. Os três suspeitos prestaram depoimento à PF e depois foram liberados. Os jovens negam as acusações.
Em nota, a Uepa informou que "execução das provas do Enem é de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. A Uepa acompanha e colabora com as investigações conduzidas pela Polícia Federal e aguarda a conclusão do processo para tomar as medidas cabíveis".