Por France Presse


O chanceler alemão, Olaf Scholz, no Parlamento alemão, em 7 de novembro de 2024. — Foto: Liesa Johannssen/ Reuters

A Alemanha embarcou nesta semana em uma grave crise política após o colapso do frágil governo de coalizão do chanceler social-democrata Olaf Scholz.

Scholz, no poder desde 2021 em um governo que une social-democratas, ecologistas e liberais, demitiu na quarta-feira (6) seu ministro das Finanças, que é liberal, após discordâncias sobre a política econômica.

Após a demissão, os outros ministros liberais do governo anunciaram renúncia ao governo, deixando o gabinete de Scholz sem maioria no Parlamento Federal, o Bundestag.

"Precisamos de um governo capaz de agir e que tenha força para tomar as decisões necessárias para o nosso país", argumentou Scholz em discurso após demitir seu ministro das Finanças, defensor de uma rigorosa austeridade orçamentária.

A crise abre as portas para eleições antecipadas no país no início de 2025. O presidente do país, Frank-Walter Steinmeier, disse nesta quinta-feira (7) que pode convocar eleições antecipadas — na Alemanha, que tem regime parlamentar, o chanceler é o chefe de governo, e o presidente tem funções protocolares.

A ruptura ocorre no pior momento para a maior economia europeia, que enfrenta uma grave crise industrial e está preocupada com as repercussões do retorno de Donald Trump à Casa Branca no comércio e na segurança da Europa.

A economia da Alemanha deve encolher este ano.

Votação crucial em janeiro

Enfraquecido, o líder social-democrata anunciou que em 15 de janeiro pedirá aos deputados que se pronunciem sobre a necessidade de convocar eleições antecipadas.

A crise é o desfecho de meses de disputas entre os três partidos do governo sobre a política econômica a seguir, intensificadas durante a preparação do Orçamento de 2025, que deve ser finalizado em novembro.

O rompimento entre Scholz e Christian Lindner, o agora ex-ministro das Finanças, ficou ainda mais evidente na quarta-feira. O chefe do governo acusou seu ministro de "trair frequentemente sua confiança" e criticou um comportamento "egoísta".

O agora ex-ministro, defensor da austeridade orçamentária, respondeu imediatamente e acusou Scholz de ter arrastado o país "para uma fase de incerteza" com essa "ruptura calculada da coalizão".

"Não é um bom dia para a Alemanha, nem para a Europa", lamentou a ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, outra figura do partido ecologista.

A crise explodiu na véspera de uma cúpula da União Europeia em Budapeste, capital da Hungria, onde o líder alemão deverá tranquilizar os parceiros e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, já que Berlim é o segundo maior apoiador militar de Kiev.

Se os deputados do Bundestag quiserem que as eleições legislativas ocorram antes da data prevista, em setembro de 2025, elas poderiam ser organizadas "no máximo até o final de março", indicou Scholz.

Para o ministro da Economia e Clima, o ecologista Robert Habeck, não há dúvidas: seu partido defenderá a necessidade de "eleições antecipadas".

Rupturas em coalizões de governo não são comuns na Alemanha.

A sombra de Trump

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Olaf Scholz esperava que a eleição de Trump, com sua política protecionista e suas frequentes confrontações diplomáticas, levasse a coalizão a se unir.

Mas ocorreu o contrário: os liberais alemães consideraram que as eleições presidenciais nos Estados Unidos tornam ainda mais urgente uma mudança de rumo econômico na Alemanha.

As pesquisas indicam que, em caso de eleições, a oposição conservadora venceria com mais de 30% dos votos, e que seu líder, Friedrich Merz, seria o favorito para assumir o governo.

No entanto, Merz teria dificuldades para formar uma maioria no Bundestag, onde, segundo as mesmas pesquisas, a extrema direita do Alternativa para a Alemanha (AfD) ocuparia a segunda maior bancada.

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