O dono da casa onde morava o casal suspeito de promover o tiroteio em um centro comunitário na Califórnia convidou a imprensa norte-americana a entrar na propriedade nesta sexta-feira (4). Jornalistas puderam ver como a casa foi deixada por Syed Farook, de 28 anos, e sua mulher, Tashfeen Malik, de 27, acusados pelo ataque.
O tiroteio ocorreu no Inland Regional Center, uma instituição que atende "pessoas com deficiências de desenvolvimento", e deixou 14 mortos e 21 feridos.
O FBI está investigando o caso, e ainda não se sabe qual eram exatamente os planos e a motivação dos suspeitos, que morreram após perseguição e confronto com agentes de segurança.
Os jornalistas entraram nos cômodos da casa e viram diversos objetos do casal, incluindo documentos e fotos. Em transmissão ao vivo, uma repórter da rede CNN mostrou uma cama com vários papeis e documentos espalhados.
Legalidade
Questionado sobre a legalidade da ação, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse apenas que a investigação está sendo feita pelo FBI e as autoridades locais.
Earnest disse que não falou sobre isso com o presidente Barack Obama e que viu as imagens pela TV como todos.
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Veículos como a CNN e o jornal "Guardian" questionam se a imprensa deveria ser autorizada a entrar em uma cena que faz parte da investigação.
Uma porta-voz do escritório do FBI em Los Angeles disse ao "Guardian": "Só posso dizer que o FBI concluiu sua busca. Não sei quem autorizou a entrada [da imprensa]. Mais detalhes sobre isso serão discutidos em uma coletiva de imprensa às 11h [17h, no horário de Brasília]".
Durante a visita dos jornalistas, o proprietário disse que o casal morava no local desde maio.
Explosivos
Nesta quinta (3), a polícia de San Bernardino informou que encontrou na casa 12 artefatos explosivos e cerca de 5 mil projéteis para fuzil de assalto. No centro comunitário, foi encontrado um dispositivo com três bombas de fabricação caseira e um controle remoto, que aparentemente não funcionou, segundo o chefe da polícia.
Investigadores ouvidos pela imprensa americana acreditam que a mulher que participou do tiroteio na Califórnia, Tashfeen Malik, publicou no Facebook uma mensagem em que disse ser leal ao líder do grupo Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi.
Um funcionário americano de alto escalão próximo à investigação disse que Malik utilizou uma conta com outro nome no Facebook. Os funcionários não explicaram como chegaram à conclusão de que Malik era a autora da publicação, afirma a rede CNN.
Hipótese de terrorismo
O jornal "New York Times" complementa que não há evidência de que Tashfeen Malik tenha sido comandada pelo grupo terrorista, segundo as fontes que não quiseram se identificar porque a investigação está em andamento.
A agência de notícias Reuters informa, de acordo com duas fontes paquistanesas, que Malik é da província do Punjab, no Paquistão. Ela se mudou para a Arábia Saudita há 25 anos, mas voltou para a sua casa há 5 ou 6 anos para concluir os estudos e se tornar farmacêutica.
Além disso, a agência diz que um membro da família da suspeita foi contactado pelo serviço de inteligência do Paquistão como parte das investigações sobre o tiroteio na Califórnia.
Ainda segundo a Reuters, Tashfeen e Farook passaram algum tempo destruindo discos rígidos de computadores e outros aparelhos eletrônicos antes de lançarem o ataque de quarta-feira, segundo uma fonte do governo dos EUA.
Os investigadores também apuram um relato de que Farook havia se envolvido em uma discussão com um colega de trabalho que denunciou os "perigos inerentes do Islã", disse uma fonte do governo norte-americano.
Farook é cidadão norte-americano, nascido em Illinois e filho de imigrantes paquistaneses. Ele trabalhava como fiscal para o Departamento de Saúde Pública do condado de San Bernardino, a agência cuja festa ele e Malick atacaram na quarta-feira.