A Vale informou nesta quarta-feira (18) que disponibilizou 2,2 milhões de litros de água mineral em municípios de Minas Gerais e Espírito Santo afetados pela contaminação do Rio Doce, após o rompimento de uma barragem da Samarco - cujos donos são a mineradora brasileira e a anglo-australiana BHP.
"Ao todo, a Vale comprou 14,5 milhões de litros de água mineral, que estão sendo entregues por fornecedores contratados", disse a empresa em comunicado.
O rompimento de uma barragem de rejeitos de minério da Samarco aconteceu no dia 5 de novembro e causou uma enxurrada de lama no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na região Central de Minas Gerais. A lama já chegou ao município de Baixo Guandu e também deve afetar Colatina e Linhares.
A Vale afirma que, além da água mineral, a disponibilizou outros 600 mil litros de água potável, enviados em caixas d'água lacradas, transportadas pela Estrada de Ferro Vitória a Minas. "Metade da água potável já está em Governador Valadares (MG) e aguarda a liberação pelas autoridades competentes para ser distribuída. A outra metade foi direcionada para as cidades de Colatina e Baixo Guandu, no Espírito Santo e Resplendor, Aimorés e Itueta, em Minas Gerais."
A Vale também diz que disponibilizou, desde o último dia 9, caminhões-pipa a serviço da Samarco para abastecimento da população de Colatina.
Ainda de acordo com o comunicado da mineradora, equipes da Vale e da Samarco estão abrindo poços em Colatina, em busca de "fontes alternativas de captação de água para ajudar a manter o abastecimento do município". A previsão é perfurar seis poços. As empresas estudam ainda a opção de captar água da lagoa do Limão e do Rio Pancas.
Vale diz que não há 'responsabilidade solidária'
Em teleconferência a investidores e acionistas nesta semana, o diretor-executivo de finanças e relações com investidores da mineradora, Luciano Siani Pires, afirmou que a empresa está focada em atender aos atingidos pela tragédia, mas não vê "responsabilidade solidária" da Vale pelo rompimento da barragem da Samarco.
“O nosso entendimento é que não há responsabilidade solidária por parte Vale, no entanto a Vale vai buscar apoiar a Samarco e as comunidades de forma proativa e humana”, disse.
Falando sobre a governança da Samarco, Siani afirmou que não há “interferência de gestão”, como prevê o acordo de acionistas, mas explicou que existem comitês de assessoramento.
“É uma independência completa e a influência da Vale e da BHP se dá através do conselho de administração, estabelecendo diretrizes que a empresa deve seguir. Temos comitês de assessoramento, consultivos, através dos quais, por exemplo, nós acompanhávamos os reportes da situação das barragens da Samarco”, disse Siani, acrescentando que a situação deverá ser modificada.
“É claro que, daqui pra frente, tendo em vista que o impacto dos acidentes se localizou muito no entorno das comunidades diretamente associadas à Vale, é natural que a Vale tenha um envolvimento mais intenso. Mas no passado realmente a relação da Vale com a Samarco é esta que eu descrevi.”
Na segunda-feira (16), houve um protesto no Rio de Janeiro para cobrar punição ao desastre ambiental. Manifestantes caminharam até o prédio da Vale, levando cartazes com fizeram trocadilhos como o nome da empresa. "Vale nada" e "Quanto Vale a vida?" eram alguns dos dizeres.