A Polícia Federal prendeu, nesta quinta-feira (23), um dos homens de confiança do ex-governador Sérgio Cabral. O então secretário da Casa Civil é suspeito de ter recebido propina dentro do palácio do governo.
O apartamento onde os policiais contam dinheiro pertence a Regis Fichtner. O secretário mais poderoso do governo de Sérgio Cabral foi preso em casa, na manhã desta quinta-feira, em um condomínio de frente para o mar, na Barra da Tijuca.
Regis Fichtner comandou a Casa Civil nas duas gestões do ex-governador, entre 2007 e 2014. O Ministério Público Federal diz que há indícios de que, só nesse período, ele tenha recebido R$ 1,5 milhão em propina. Os pagamentos teriam sido feitos até dentro do Palácio Guanabara, sede do governo.
Os procuradores também consideraram suspeitas duas medidas que tiveram a participação direta dele: a autorização para que uma empresa usasse precatórios para pagar impostos atrasados no valor de R$ 74 milhões sem pagar multas e com redução dos juros. A advogada da empresa era Adriana Ancelmo, a mulher de Sérgio Cabral.
Regis Fichtner também participou da concessão de benefícios fiscais de R$ 1,2 bilhão a empresas que eram assessoradas pelo escritório de advocacia dele.
Regis Fichtner é procurador concursado do estado e trabalha com Sérgio Cabral desde o tempo em que o político era deputado.
Outro preso nesta quinta, o empresário Georges Sadala, também é amigo pessoal do ex-governador e já teve contratos com o estado. Sadala é sócio de várias empresas, mas, segundo as investigações, essas empresas movimentaram quantias incompatíveis com as atividades comerciais delas e ainda eram capazes de gerar lucro sem prestar qualquer atividade regular.
A amizade sincera aparece em um e-mail escrito no dia em que Sérgio Cabral foi preso. Sadala escreve a amigos para cancelar uma confraternização, porque não tinha clima. Ele diz que o Rio estava de luto e deixa a festa para outro momento.
Georges Sadala e Regis Fichtner estavam no jantar em Paris, em 2009, ao lado de outros integrantes da cúpula do governo na época. Sadala está na foto que ficou conhecida como “a farra dos guardanapos”.
Amigos ou não, a maioria dos presos da Lava Jato acaba se reencontrando na cadeia pública, em Benfica, na Zona Norte da cidade. Acostumados aos corredores dos palácios, agora, no máximo, eles percorrem as galerias do presídio.
Os três últimos governadores, os três últimos presidentes da Assembleia Legislativa e quatro ex-secretários. Quase todos estão na galeria C, no segundo andar do prédio. Anthony Garotinho fica em uma outra ala, a B, porque é considerado inimigo político do grupo.
A mulher dele, a ex-govenadora Rosinha Matheus, foi levada para o terceiro andar. Na noite desta quinta-feira (23), ela ganhou a companhia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, que nesta quinta perdeu o direito à prisão domiciliar.
A operação desta quinta foi batizada de C’est fini, em francês significa "terminou", "acabou". Mas a Lava Jato, no Rio, está longe do fim.
O que dizem os citados
A defesa de Adriana Ancelmo vai recorrer para que ela volte à prisão domiciliar.
O advogado de Georges Sadala disse que não há indício concreto de repasses de recursos indevidos na movimentação financeira dele e de suas empresas.
A defesa de Regis Fichtner ainda não se manifestou.