A Polícia Civil da Paraíba prendeu 19 suspeitos de fraudar concursos públicos em estados do Nordeste.
As primeiras prisões ocorreram durante o concurso para o Ministério Público do Rio Grande do Norte, neste domingo (7). Um a um, os envolvidos foram sendo retirados das salas.
Com eles estavam os equipamentos usados na fraude. Transmissores em formato de cartão de crédito e micropontos eletrônicos.
Funcionava assim: professores contratados resolviam rapidamente as provas. As respostas corretas eram passadas a outros integrantes da equipe, que em seguida transmitiam via rádio aos candidatos.
Preço do serviço: dez vezes o valor do salário do cargo pretendido. Por exemplo: para uma remuneração de R$ 10 mil, os candidatos deveriam desembolsar R$ 100 mil.
“A pessoa é aprovada e depois eles conseguem documentos para que essa pessoa tire um empréstimo para que pague a própria fraude do concurso” revela o delegado Lucas Sá.
As outras prisões foram em uma casa, num condomínio em João Pessoa, onde os candidatos se hospedavam e recebiam treinamento.
A polícia estima que a fraude tenha movimentado cerca de R$ 18 milhões desde 2005. E além disso, os próprios integrantes das quadrilhas disputavam os concursos, eram aprovados e acumulavam cargos públicos.
Juntos, os irmãos apontados como chefes do grupo já foram aprovados em 29 concursos.
“‘Eu já passei nesse, nesse e nesse concurso, nunca fui preso, deu tudo certo’, e é dessa maneira que eles conseguiram convencer os candidatos que não seriam descobertos”, explica o delegado.
“A defesa entende que nada de concreto existe. Vamos aguardar a finalização desse inquérito para, repito e sou exaustivo, até hoje não tem nada de contundente contra esses rapazes”, disse o advogado Aécio Farias.
Para Tatiana, uma notícia de desanimar. Há três anos, ela foi aprovada no concurso da Polícia Militar da Paraíba. Fez todas as etapas, mas nunca foi chamada.
“Em busca de realizarmos o nosso sonho, a gente se dedica, dá o melhor de si e pessoas vêm e tiram nossa vaga”, lamenta a estudante Tatiana Silva Régis.