Edição do dia 31/01/2014

31/01/2014 20h53 - Atualizado em 31/01/2014 20h53

São Paulo deixa de fiscalizar a emissão de poluentes dos veículos

Com uma frota de 7,5 milhões de veículos, São Paulo recebe uma descarga de 138 mil toneladas de monóxido de carbono por ano.

A cidade que tem a maior frota de veículos do Brasil vai deixar de fiscalizar a emissão de poluentes.

Reprovado no último dia da inspeção, o motorista, constrangido, tentou explicar: “Fui na oficina ontem e foi liberado para vir para cá”.

O carro de Manuela Tavares foi aprovado, mas depois de ela pagar uma multa salgada. “Nunca me ocorreu que um carro zero com sete meses de uso tivesse que fazer inspeção e receber uma multa de R$ 450”, disse a advogada.

Quem licencia um veículo em São Paulo está livre dessas cenas por um tempo. Depois de cinco anos, a prefeitura decidiu não renovar o contrato com a empresa acusada de irregularidades e a inspeção foi suspensa. Pelo lado da trabalheira para levar o carro na vistoria e ainda pagar taxa de R$ 47, muita gente está comemorando. Mas quando o assunto é saúde, todos perdem.

Com uma frota de 7,5 milhões de veículos, São Paulo recebe uma descarga de 138 mil toneladas de monóxido de carbono por ano. Fora outros poluentes que saem dos escapamentos e que aumentam a poluição por ozônio. 

Seguindo os padrões da Organização Mundial da Saúde, o laboratório de poluição atmosférica da Faculdade de Medicina da USP fez os cálculos: nesses cinco anos, o controle da emissão de poluentes pelos veículos salvou 1,7 mil vidas, evitou 1,8 mil internações e economizou R$ 350 milhões aos cofres públicos. É por isso que o chefe do laboratório afirma: São Paulo não pode ficar mais sem esse tipo de controle.

O médico Paulo Saldiva diz que a poluição do ar já é a segunda maior responsável por câncer de pulmão no mundo, e lamenta a suspensão da vistoria, já que São Paulo estava dando um bom exemplo para todas as cidades brasileiras.

Ele faz um alerta. “Entre licitar, contratar, treinar as pessoas, arranjar espaço para fazer inspeção e organizar todo o sistema, eu acho que é quase impossível que você consiga fazer isso dentro desse prazo de um ano”, explica o responsável pelo laboratório de poluição da USP.

A prefeitura promete que a inspeção vai voltar, e diz que vai implementar um sistema mais moderno e mais justo. Quando? O prefeito responde: “A previsão do jurídico é concluir a licitação no primeiro semestre e fazer os agendamentos a partir de julho”, calcula Fernando Haddad.

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