Quatro alunos do Colégio Estadual Jardim Europa, no bairro de mesmo nome, em Goiânia, comemoram aprovações em instituições de ensino federais. Sempre estudando na rede pública, eles atribuem o sucesso às longas jornadas de estudos, que para alguns chegava a 12 horas diárias, e ao apoio que receberam do corpo docente da escola.
Uma das estudantes que obteve um bom resultado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é Elen Samara, de 17 anos. Por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ela passou em 1º lugar para odontologia na Universidade Federal de Goiás (UFG).
“Eu fui aprovada pelo sistema de cotas para alunos de escola pública, mas estou muito feliz com o resultado. A minha nota do Enem, que foi média de 728 e 920 na redação, ainda me garantiu vagas em medicina em outras universidades do país, mas como não quero mudar daqui, optei pela odontologia”, contou ao G1.
A jovem, que estuda no colégio do Jardim Europa desde o 1º ano do ensino médio, diz que prestou o Enem por dois anos seguidos. “O apoio que tive aqui na escola foi muito importante e também fiz um cursinho por sete meses. Eram até 12 horas de estudos por dia, inclusive aos finais de semana, mas valeu a pena. Sempre sonhei em ser dentista, especializada em crianças, e agora isso vai se tornar realidade”.
Mãe de Elen, Elisete da Costa Gonçalves diz que o resultado obtido pela filha é motivo de orgulho. “Ela será a primeira a ter um curso superior na família e isso nos deixa muito feliz. Agradeço por ela ter tido muita força de vontade, mas também ao colégio, pois, mesmo sendo público, sempre exigiu muita disciplina e isso é importante”, disse.
Outra estudante que comemora a aprovação é Lara Soares, de 17 anos, que passou em 1º lugar no curso de zootecnia no Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), em Uberaba (MG). Ela também cursou o ensino médio no colégio e diz se dedicou muito para atingir o objetivo.
“Eu dividia o meu tempo entre os estudos, mais ou menos 7 horas por dia, e o trabalho na área de eventos. Prestei o Enem em todos os anos do ensino médio, pois queria adquirir experiência para o último, que foi o decisivo. Felizmente consegui o curso que eu queria, já que é uma área em que terei muitos ramos de atuação aqui em Goiás. Vou estudar lá em Minas, mas depois pretendo voltar para ficar ao lado da minha família”, contou.
A estudante ressalta que, caso não tivesse conseguido uma vaga por meio do Sisu, não teria condições financeiras de arcar com um curso particular. “Eu teria que ir atrás de alguma bolsa, mas ainda bem que me dediquei o suficiente. Tive muito apoio dos meus professores que, além do conteúdo diário em sala, me passavam tarefas extras. Graças a tudo isso eu consegui”, ressalta.
Múltipla aprovação
Já a estudante Juliana Duarte, de 18 anos, foi aprovada em duas instituições de ensino: em 1º para o curso de ciências contábeis na UFG, por meio de cotas para alunos de escolas públicas, e em 8º na Universidade Estadual de Goiás (UEG) para química industrial. Ainda em dúvida sobre qual área vai seguir, ela diz que se dedicou muito.
“Não fiz cursinho, mas, além das aulas no colégio, eu estudava em casa sozinha, pelo computador. Fiz muitos simulados e chegava a fazer 10 horas de estudos por dia. Acho que isso me ajudou muito, assim como os professores que eu tive”, relata.
Em 2014, a estudante também tirou uma boa nota no Enem, que lhe garantiu vagas em história e engenharia elétrica no Instituto Federal de Goiás (IFG). “Como eu ainda não tinha concluído o ensino médio, tinha que entrar com um mandado de segurança para pode estudar. Mas aí tinha que continuar lá e no colégio ao mesmo tempo. Como seria muito puxado, achei melhor esperar o ano de 2015. No fim mudei os cursos que eu queria, mas consegui ser aprovada de novo”, destacou.
Já o estudante Gerson Borges, de 17 anos, comemora a aprovação em 7º lugar, por meio das cotas para escola pública, no curso de ecologia, da UFG, e o 15º lugar em biologia na UEG. Segundo ele, isso prova que mesmo os alunos da rede pública podem concorrer com aqueles que sempre estudaram em instituições particulares.
“Eu estudava cerca de 10 horas por dia e deixei muitas coisas de lado em busca desse objetivo. Fiz o Enem por três vezes e acho que essa experiência foi importante, pois na hora da verdade eu consegui me sair bem. Por isso todos devem acreditar no próprio potencial e correr atrás”, afirmou o rapaz.
Dedicação
Para a vice-diretora do Colégio Estadual Jardim Europa, Kátia Regina Dias Barbosa, a fórmula para o sucesso dos alunos é uma só: trabalho em equipe e dedicação. “Todo o nosso efetivo, desde a direção até a coordenação e corpo docente, é muito unido. Aí criamos vínculos com os estudantes para que eles possam se conhecer e desenvolver o próprio potencial. Tudo isso, aliado à disciplina, só rende bons frutos, como podemos ver”, afirmou.
O colégio, que existe há 23 anos, tem cerca de 700 alunos divididos entre os turnos matutino e vespertino. Segundo Kátia, além dos quatro estudantes citados acima, pelo menos outros 11 conseguiram aprovações em universidades, sendo públicas ou com bolsas de estudos em particulares.
“Felizmente todos os anos os nossos alunos conseguem bons desempenhos e isso também reflete nos resultados da escola. Isso atesta o bom trabalho que desenvolvemos e motiva a todos os professores a continuarem se dedicando a um ensino de qualidade”, destacou.
A professora Denilsan Monteiro dos Santos, que leciona a disciplina de Língua Portuguesa, diz que ver os alunos sendo aprovados em instituições federais é um motivo de alegria para ela e os colegas. “Ficamos muito felizes por todos eles e isso mostra que estamos no caminho certo. Eles são os instrumentos para divulgar o nosso trabalho e são a prova de que nada é obtido sem esforço. Boa educação também é possível na escola pública, basta que alunos e os profissionais juntem suas forças”, afirmou.