Edição do dia 19/01/2013

19/01/2013 18h47 - Atualizado em 19/01/2013 18h48

Dengue tipo 4 preocupa porque afeta quem já teve outros tipos, diz infectologista

Em vários estados brasileiros aumentam os casos da doença. O número de notificações de dengue nos primeiros 15 dias desse ano em Campo Grande, já é três vezes maior que os números da última epidemia, em 2007.

A Organização Mundial da Saúde afirmou esta semana que a dengue é a doença tropical que se espalha mais rapidamente pelo mundo e representa uma ameaça de uma pandemia. Hoje, 50 milhões de pessoas já estão infectadas em todos os continentes. A doença já foi identificada em mais de 125 países. E no Brasil, o que mais preocupa em 2013 é que o tipo 4 do vírus - que já chegou a ser erradicado - é o de maior incidência este ano em algumas cidades. Desde o início de janeiro, uma morte por dengue já foi confirmada em Cuiabá.

No estado do Rio de Janeiro, o vírus tipo 4 foi identificado novamente em 2012. Com a estação das chuvas e com a falta de imunidade da população, o risco de epidemia aumenta. A Secretaria de Saúde do Rio informou que do dia 1º ao dia 12 de janeiro de 2013 foram notificados 592 casos suspeitos de dengue no estado.

Uma grande mobilização contra a dengue é realizada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Equipes fazem ações de bloqueio, vedação de criadouros e panfletagem. O acúmulo de lixo e as chuvas deste mês deixam Caxias e outras cidades do Rio sob a ameaça do mosquito.

No Paraná, quatro municípios já sofrem com a epidemia de dengue. A informação foi divulgada esta semana. No total, são 667 casos confirmados e 6.131 casos suspeitos. Outros estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Minas Gerais podem ter um verão com milhares de pessoas infectadas.

O número de notificações de dengue nos primeiros 15 dias desse ano em Campo Grande, já é três vezes maior que os números da última epidemia, em 2007. São 6.314 casos notificados da doença na capital do Mato Grosso do Sul. A prefeitura vai decretar situação de emergência no município.

O professor de Infectologia da UFRJ Edmilson Migowski, explica que a diferença do tipo 4 é que ele circula em quem já foi infectado pelos outros tipos, “Então pode ser a segunda, terceira ou quarta vez que e a pessoa é infectada. E quanto maior o número de vezes, maior tende a ser a gravidade”, completa.

Segundo Migowski tem sido difícil controlar a dengue principalmente porque não se faz uma boa educação da população, parte dela não tem saneamento básico, em coleta de lixo regular: “Desse jeito você deixa a população refém do mosquito. Ele é urbano, vive perto das nossas casas, faz dos nossos quintais uma maternidade e dos nossos tornozelos um restaurante”.