O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, apresentou, nesta terça-feira (21), um diagnóstico da região. O trabalho reúne dados colhidos em pouco mais de um ano de análise e está na fase final. O resultado parcial 'acendeu a luz vermelha' em relação ao futuro da bacia, já que a quantidade de mata nativa não comporta a recuperação dos recursos hídricos.
A data de uma nova reunião vai ser marcada para que todos os membros do comitê aprovem o relatório. Se aprovado, ele vai ser encaminhado ao governo do estado.
No relatório, o destaque é para a área em torno da bacia. As pastagens ocupam 42%, 16% representam cultivos agrícolas, a mata nativa ainda cobre 21% do território e 1% da área já virou deserto.
Além disso, algumas cidades continuam fazendo o lançamento incorreto de lixo e esgoto nas áreas de córregos e rios.
“O desenvolvimento que está acontecendo na bacia está na contramão da preservação do ambiente como um todo. Uma das coisas bastante preocupantes é a quantidade de mata nativa que temos na bacia, que não comporta a recuperação dos recursos hídricos para o futuro”, falou a ambientalista Dalva Ringuier.
A chuva também não é suficiente para abastecer o lençol freático e a bacia do Itapemirim ainda sofre com a forte seca. As cidades de Alegre, Jerônimo Monteiro, Cachoeiro de Itapemirim, Marataízes, Itapemirim, Presidente Kennedy, Muqui e Atílio Vivácqua são as que mais foram afetadas e apresentam áreas onde a terra seca já não consegue se recuperar sozinha.
“Hoje, nós estamos recorrendo à água no subsolo. Pode ser que no futuro a gente não tenha essa água. Então, nós temos que ajudar a natureza, o meio ambiente a ter a água naturalmente, protegendo brejos, as matas, para podermos ter essa infiltração no solo”, disse o presidente do Comitê da Bacia do Rio Itapemirim, Paulo Breda.
Em Cachoeiro de Itapemirim, a vazão atual do rio é de 39,1 mil litros por segundo, de acordo com a concessionária de água da cidade. Mesmo assim, é preciso agir.
“Aumentar a quantidade de cobertura florestal na bacia, para mim, é o número um. O número dois é tirar todos os esgotos das cidades que são lançados nos rios e devolver vida aos rios. Um grande desafio é educar a população da bacia para entender que nós somos parte dela e se não tivermos ações voltadas para recuperar essa bacia, as futuras gerações estarão altamente comprometidas”, destacou Dalva.