06/06/2016 10h36 - Atualizado em 06/06/2016 10h36

Deputado Sandro Locutor diz que viagens foram de 'interesse público'

Ele fez viagens ao exterior pagas pela Assembleia Legislativa.
ONG pede que verba seja devolvida, porque Unale é privada.

Viviane MachadoDo G1 ES, com informações da TV Gazeta

O deputado estadual do Espírito Santo Sandro Locutor (PROS) explicou que as 25 viagens feitas com diárias pagas pela Assembleia Legislativa do estado (Ales) são de interesse público. Segundo o deputado, ele esteve nos locais para representar o Espírito Santo. "Eu fui viajar a trabalho, em representação e autorizado pela Casa", disse.

Com um total de 25 viagens realizadas, entre novembro de 2012 e abril de 2015, para eventos da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale) – uma entidade de classe parlamentar – o deputado Sandro Locutor gastou R$ 49.685 em diárias pagas pela Ales. A ONG Transparência Capixaba quer que o parlamentar devolva o dinheiro, porque a Unale é uma organização privada..

Além de viagens pelo Brasil, o deputado – também em nome da Unale, mas financiado pela Assembleia – esteve em Frankfurt, na Alemanha; Washington, nos EUA; e Milão, na Itália. Em 2016, foram duas as viagens internacionais: Cidade do México, em fevereiro; e Lima, no Peru, em abril.

A Ales vai discutir possíveis mudanças de como os deputados prestam as contas das diárias de viagem. Atualmente, os deputados não precisam entregar uma comprovação com os gastos.

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Sandro Locutor falou sobre as viagens realizadas com dinheiro da Ales (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)Sandro Locutor falou de viagens feitas com
dinheiro da Ales (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)

Resposta
Segundo o deputado, a Unale representa os 1.059 deputados estaduais do Brasil e as 27 casas legislativas, incluindo o Distrito Federal. "Nós discutimos os mais variados temas inerentes ao dia a dia da população. Discutimos com o Ministro da Justiça, por exemplo, um plano nacional de segurança, uma região de fronteira", disse.

Sandro Locutor disse que vai se antecipar e procurar o Ministério Público Estadual e o Ministério Público de Contas para se colocar à disposição para possíveis prestações de contas.

Os gastos, de acordo com o deputado, se justificam porque o estado precisa interagir. "Os problemas do Espírito Santo às vezes não são os mesmos de Sergipe, do Rio Grande do Sul, e a União trata da mesma forma", afirmou.

Sobre os locais de viagens internacionais, no México, Locutor explicou que a Unale é uma entidade fundadora da Confederação do Parlamento das Américas (COPA). "Participamos anualmente dessa Conferência e esse ano por exemplo a gente discutiu a questão da saúde da mulher. Na Alemanha, nós fomos em uma missão com o parlamento europeu, inclusive trouxe a oportunidade, o regimento do parlamento europeu", contou.

Já na Itália, Locutor disse que presidiu um painel sobre Direitos Humanos. "Assinei um termo internacional de participação e cooperação entre as Assembleias Legislativas de todo o mundo. Nos EUA, nós fomos à Conferência da ANCSL, que também é a entidade representativa do parlamento dos EUA, onde discutimos a questão comercial com o Brasil", afirmou.

Relatório
Locutor explicou que os deputados precisam apresentar um relatório informando o que foi feito na viagem. "O cidadão tem acesso, é só buscar a informação, protocolar o pedido. A Assembleia tem um prazo regimental para fornecer. Não fica no site porque você imagina não sou só eu que viajo, vários servidores públicos fazem viagens", disse.

Sobre a companhia da esposa nas viagens, como mostram as fotos em uma rede social, o deputado explicou que ela foi em duas viagens e que ele pagou as passagens e os gastos da mulher.

Transparência Capixaba
A ONG Transparência Capixaba protocolou um pedido que solicita que a verba gasta nas viagens fosse desenvolvida. Na ação entregue ao Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MP-ES), a ONG diz que os valores causam espanto em um cenário de contenção de despesas.

Para a ONG, a Unale representa a figura dos deputados e não somente as assembleias. "Complementarmente, observamos que a UNALE, associação privada que o deputado representa, tem interesses e objetivos que não, necessariamente, coincidem com aqueles do cidadão capixaba, especialmente por representar não somente as Assembleias Legislativas, mas as figuras dos deputados, e aí estamos diante de uma entidade classista como qualquer outra", afirmou na ação.

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