11/12/2015 22h13 - Atualizado em 11/12/2015 22h13

Alunos e pais protestam contra Escola Viva no interior do ES

Ocupações estão acontecendo em São Mateus e em Colatina.
Em Cachoeiro de Itapemirim, pais também protestaram contra o projeto.

Mariana CarvalhoDo G1 ES

Alunos de São Mateus protestam contra o projeto Escola Viva (Foto: Facebook / UMES - São Mateus)Alunos de São Mateus protestam contra o projeto Escola Viva (Foto: Facebook / UMES - São Mateus)

Alunos e pais de municípios do interior do Espírito Santo protestaram durante esta semana contra a implementação do projeto Escola Viva, do Governo do Estado. Alunos estão ocupando a Superintendência Regional de Educação em São Mateus e uma escola em Colatina. Em Cachoeiro de Itapemirim, pais protestaram contra a implementação do projeto em uma escola.

Nos três municípios, os estudantes criticam a maneira com que o projeto está sendo implementado. Eles afirmam que não há diálogo com a comunidade e que a implementação está sendo imposta.

São Mateus
No município de São Mateus, a Superintendência Regional de Educação está ocupada desde segunda-feira (7) por estudantes do município, da rede estadual. Eles criticam a maneira com que o projeto Escola Viva está sendo implementado na Escola Estadual Marita Motta.

"O movimento estudantil não é contra a escola em ensino integral, nós somos contra a maneira com que o projeto Escola Viva está sendo implementado", disse o estudante Matheus Barbosa, de 16 anos, presidente do grêmio da escola.

O estudante alega que a Secretaria Estadual de Educação (Sedu) não tem respondido as perguntas dos estudantes sobre a implementação do projeto. Para Matheus, a maior preocupação é com os estudantes de baixa renda, que não podem frequentar o ensino integral.

"O que a gente acha que vai ocorrer, é que vai ter uma elitização das escolas, porque o aluno que precisa trabalhar, precisa de contribuir com a renda familiar, não vai poder participar do programa. E ai ele vai ser levado para outras escolas do município, que estão completamente sucateadas", explicou.

O aluno contou ainda que, apesar do conselho da escola ter rejeitado o projeto, a Sedu já confirmou que a instituição vai receber o projeto no próximo ano.

De acordo com a assessoria de imprensa da Sedu, ainda não há confirmação de que a Escola Estadual Marita Motta vai receber o projeto. A supertintendencia afirma que tem mantido o constante diálogo com os estudantes.

Os alunos têm uma reunião agendada na próxima segunda-feira (14) com o subsecretário de educação.

Estudante preso
Durante uma plenária que pretendia chamar mais estudantes para a ocupação, na segunda-feira (7), um estudante do Ifes de São Mateus e represente da União Municipal de Estudantes Secundaristas teria sido preso enquanto organizava uma plenária em frente a Escola Estadual Ceciliano Abel de Almeida.

De acordo com o estudante Pedro Evênio, de 18 anos, ele chamava os alunos da escola para uma plenária sobre o movimento que planejava ocupar a superintendência, quando uma coordenadora da escola chamou a polícia. O estudante disse ter sido algemado e levado a delegacia.

Lá, Pedro contou que sofreu ameaças e foi tratado com violência. "Eles me intimidaram e chegou um momento que me bateram, agiram com muita violência desnecessária, não autuaram nada, registraram porque tinham me levaram e me liberaram", contou.

A Secretaria Estadual de Educação disse não saber de nenhuma informação sobre a prisão do estudante.

Cachoeiro de Itapemirim
Em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do estado, pais protestaram na manhã desta sexta-feira (11). Eles não concordam com a implementação do Escola Viva na Escola Estadual Francisco Coelho Ávila Junior.

"Nós não somos contra o projeto, nós somos contra a implementação no polivalente, nessa escola, tem pouco tempo que terminou a reforma da escola, e ai quando terminou, chegaram com esse projeto", contou Marcela Ramos Pereira, mãe de um aluno da escola.

Ela contou ainda que o projeto também foi rejeitado pelo conselho da escola, mas ainda assim, os pais já foram informados de que o projeto será implementado no próximo ano.

"Nós nos reunimos com a Secretaria de Educação, conversamos, mas nada é claramente respondido pra nós, e isso é revoltante", disse a mãe.

Segundo Marcela, a escola também recebe alunos de ensino fundamental, e os pais têm medo que eles fiquem sem turmas para o próximo ano. "A escola de ensino fundamental mais próxima é muito longe da comunidade", disse.

A mãe garante que na próxima segunda-feira (14) vai até a escola novamente, e só sairá com uma resposta clara da secretaria. "A gente fica em uma situação complicada, porque são os nosso filhos que estão na reta, mas se a gente não correr atrás dos nossos direitos", disse.

Segundo a Secretaria de Educação, a direção da Escola Estadual Francisco Coelho Ávila Junior informou que não há manifestação no local.

Alunos dormiram na escola durante ocupação que dura mais de 18 horas em Colatina (Foto: Caio Guilherme Jaduth Oliveira/ VC no ESTV)Alunos dormiram na escola durante ocupação que
dura mais de 18 horas em Colatina
(Foto: Caio Guilherme Jaduth Oliveira/ VC no ESTV)

Colatina
Um grupo de alunos começou uma ocupação na Escola Estadual Conde de Linhares, em Colatina, na região Noroeste do Espírito Santo, na tarde desta quinta-feira (10). A manifestação já dura mais de 18 horas. Os estudantes são contra a implantação do projeto Escola Viva na unidade de ensino.

Em nota, a Superintendência Regional de Educação de Colatina informou que as atividades da Escola Estadual Conde de Linhares estão sendo realizadas normalmente e que há apenas um grupo de estudantes no pátio da escola que não está frequentado as aulas. A Superintendência informou também que a equipe pedagógica está em constante diálogo com os estudantes.

O protesto começou às 16h. Até o final da manhã desta sexta-feira (11), os alunos ainda ocupavam a escola em protesto. De acordo com os manifestantes, não há horário, nem dia para acabar.

Eles são contra a implantação do projeto Escola Viva na unidade de ensino. O estudante Caio Guilherme Januth Oliveira, de 17 anos, explicou que a escola já possui um ensino diferente, porque alia o ensino médio ao técnico.

"A gente está pedindo uma resposta certa do governo, que afirmem que o projeto não chegue na escola. O nosso projeto já é técnico. A escola é toda preparada para receber esses cursos, tudo indica é que o projeto vai ser na nossa escola", afirmou.

Escola Viva
Nesse novo modelo de ensino, o tempo de permanência do aluno na escola será ampliado para um período diário de nove horas e meia, sendo, no mínimo, sete horas e 30 minutos em atividades com orientação pedagógica. Os estudantes receberão refeição e lanche.

Entre as ações previstas estão o uso de mídias (televisão, jornal, rádio e revista) de forma articulada e a ampliação do currículo escolar com atividades nos campos da cidadania, ética, cultura e artes, esporte e lazer, direitos humanos, educação ambiental, inclusão digital, saúde, investigação científica, educação econômica e comunicação.

Inicialmente, a nova grade curricular será implantada em cinco escolas da Grande Vitória. O programa prevê ainda a melhoria da infraestrutura física, dos equipamentos e recursos tecnológicos necessários à eficiência pedagógica e da gestão. Uma escola de Vitória já iniciou o projeto no segundo semestre de 2015.

veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de