Alunos, pais e professores da Escola Municipal de Educação Infantil Guia Lopes, no Limão, Zona Norte de São Paulo, querem que o colégio passe a se chamar "Emei Nelson Mandela" - em vez de homenagear um brasileiro considerado, pelo Exécito, herói da Guerra do Paraguai. Nesta sexta-feira (4), o grupo circulou pelas ruas do bairro com um "Bloco de Maracatu" para divulgar a causa.
De acordo com o movimento, o objetivo de tirar o nome "Guia Lopes" e usar "Nelson Mandela" é reforçar um eixo importante da atividade da escola. A partir de 2011, quando foi incluída no currículo uma disciplina sobre a cultura dos negros, o muro do colégio passou a ser pichado com frases preconceituosas, como “Preserve a raça branca”.
Naquele ano, a equipe docente decidiu que precisaria dar atenção especial ao tema. “Em vez de nos desestimularmos com as pichações, ganhamos mais força para estudar como combater o preconceito com as nossas crianças”, afirma Cibele Racy, diretora da Emei Guia Lopes.
Para concretizar a mudança, Cibele organizou um abaixo-assinado, que já conta com mais de 11 mil apoiadores, com o título “Permitam que nossa escola se chame Nelson Mandela”. O projeto é apoiado pelos 340 alunos e por suas famílias, de acordo com a direção.
A diretora aponta que a comunidade da região, que já associa a escola à valorização da cultura afrobrasileira, também está contribuindo para a divulgação do documento.
Uma carta contando a história da escola foi encaminhada ao prefeito Fernando Haddad, ao secretário municipal de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, e ao secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Eduardo Suplicy.
Em agosto, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Antônio Donato, apresentou projeto de lei sobre o tema. “Esperamos que o abaixo-assinado cresça e pressione as autoridades para aprovarem nosso pedido”, conta Cibele.
comício em Port Elizabeth, em fotografia de 1°
de abril de 1990. (Foto: Arquivo/Juda
Ngwenya/Reuters)
Importância de Mandela
Nas aulas de cultura africana, os alunos de 3 a 4 anos criaram personagens para ilustrar o que aprendiam. Inventaram um príncipe africano, chamado Azizi Abayomi, que se casa com uma brasileira e tem dois filhos. Azizi, para as crianças, é neto do líder Nelson Mendela, conhecido por elas como “vovô Madiba”.
Desde então, Mandela representa uma figura importante para os alunos da escola municipal. Em 2015, a Emei completa 60 anos – de alguma forma, o aniversário precisaria homenagear o o ex-presidente sul-africano.
“Percebemos que ninguém conhecia Guia Lopes, personagem da Guerra do Paraguai. Era uma figura distante da nossa realidade”, conta a diretora. A partir desses questionamentos, o conselho da escola percebeu que seria mais adequado se a EMEI levasse o nome de Mandela, tão querido pelas crianças.
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