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Por André Catto, g1


Sede do Federal Reserve (Fed), Banco Central dos EUA. — Foto: REUTERS/Joshua Roberts

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) decidiu cortar os juros do país nesta quarta-feira (18) em 0,50 ponto percentual (p.p.), para a faixa de 4,75% a 5% ao ano. Essa foi a primeira redução na taxa desde março de 2020.

A medida já era esperada pelo mercado, após sinalizações recentes de corte pelo presidente do Fed, Jerome Powell. A novidade é o tamanho da redução, que até então não tinha consenso entre especialistas.

Dos 12 integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), 11 votaram a favor do corte de 0,50 p.p., incluindo Powell. O único voto divergente foi pela redução de 0,25 ponto.

Em comunicado, o Fomc afirmou que a medida veio "à luz do progresso na inflação e do equilíbrio de riscos". Disse também que "continuará monitorando as implicações das informações recebidas para a perspectiva econômica".

Para Jerome Powell, a redução da taxa deverá colaborar com a força da economia norte-americana sem deixar de lado o progresso inflacionário. Ele também declarou que ainda não há um "curso predefinido" para as próximas decisões.

“Essa recalibração da nossa postura política ajudará a manter a força da economia e do mercado de trabalho e continuará a permitir mais progresso na inflação à medida que iniciamos o processo de mudança em direção a uma postura mais neutra", disse, em entrevista a jornalistas.

O corte desta quarta gera reflexos no Brasil. Juros elevados nos EUA elevam a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos). Isso se reflete nos mercados de ações e no dólar, com a migração cada vez maior de investidores para o país, em busca de melhor remuneração.

Redução nas taxas, portanto, podem significar um alívio no mercado, já que investidores tendem a tomar mais risco e investir em países emergentes, como o Brasil. O movimento é favorável para o real, que sofreu com a valorização do dólar em meio aos juros elevados nos EUA.

No ano, o dólar acumula uma alta de quase 12% em relação à moeda brasileira. Nas últimas semanas, no entanto, a moeda norte-americana começou a perder força diante das sinalizações do Fed de corte de juros na reunião desta quarta-feira.

'Nenhum curso predefinido'

Durante coletiva de imprensa após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que ainda não há um caminho predefinido para a política monetária norte-americana.

"À medida que iniciamos o processo de mudança para uma postura mais neutra, não estamos em nenhum curso pré-definido", disse. "Continuaremos a tomar nossas decisões reunião por reunião."

Para Powell, "reduzir a contenção política muito rapidamente pode prejudicar o progresso na inflação". "Ao mesmo tempo, reduzir a contenção muito lentamente pode enfraquecer indevidamente a atividade econômica e o emprego", ponderou.

Nesta quarta-feira, o Fed também divulgou seu "dot plot", ferramenta usada pelo Fomc para divulgar a previsão de seus integrantes para a trajetória das taxas de juros.

A maioria espera que a taxa de juros caia para uma faixa de 4,25% a 4,50% até o final deste ano. A projeção sugere um novo corte de 0,50 ponto percentual ou duas reduções de 0,25 p.p. nas duas últimas reuniões previstas para 2024.

Progresso da inflação

O Fed manteve sua taxa básica na faixa de 5,25% a 5,50% entre julho de 2023 e esta quarta-feira, em meio a uma inflação que, em 2022, chegou a superar os 8% — maior patamar em mais de 40 anos. Agora, a taxa está em 2,5%, próxima da meta do BC norte-americano.

No comunicado publicado nesta quarta, o Fomc afirmou que a inflação teve mais progresso em direção à meta do Fed, que é de 2%. Ponderou, no entanto, que o índice de preços continua "um tanto elevado".

"O Comitê ganhou maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%, e julga que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente em equilíbrio", diz o documento.

O colegiado também informou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica "continuou a se expandir em um ritmo sólido" e que os ganhos de emprego desaceleraram, enquanto a a taxa de desemprego subiu, "mas continua baixa".

"Ao considerar ajustes adicionais à faixa-alvo para a taxa de fundos federais, o Comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a perspectiva em evolução e o equilíbrio de riscos", continuou.

O Fomc ainda afirmou que está preparado para ajustar a postura da política monetária "conforme apropriado, se surgirem riscos que possam impedir a obtenção" de suas metas.

FED reduz juros do Estados Unidos em 0,5 ponto percentual

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Reflexos dos juros norte-americanos

Além de aumentar a rentabilidade dos Treasuries e gerar impacto nos mercados de ações e no dólar, os juros dos EUA causam reflexos no cenário macroeconômico.

Juros mais elevados nos Estados Unidos influenciam no longo prazo, indicando uma tendência de desaceleração econômica global, já que empréstimos e investimentos também ficam mais caros.

O movimento de corte nos EUA tende a se refletir ainda nos juros brasileiros, ao levar mais tranquilidade para que o Banco Central do Brasil (BC) possa afrouxar a política monetária por aqui.

Para esta quarta-feira, investidores seguem na expectativa pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que será divulgada no fim da tarde.

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