As medidas de estímulo à economia anunciadas nesta quarta-feira (27) pelo governo federal são positivas, porém insuficientes para alavancar a economia, na avaliação das principais entidades que representam a indústria e o comércio.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) destacou, em nota, que o pacote de estímulos de R$ 8,4 bilhões contempla compras governamentais que "ainda terão de passar por processo de licitação, e portanto não serão suficientemente rápidas para aplacar os efeitos do baixo crescimento que precisa ser combatido agora". A entidade acrescenta que "corre-se o risco de parte dessas aquisições virar importação, uma vez que a margem de preferência não parece suficientemente definida".
Para a Fiesp, a economia brasileira deverá crescer menos de 2% em 2012. A entidade defende a implementação de medidas adicionais, que ajudem a reduzir os custos de produção no país. “No curto prazo, uma solução eficiente, prática e democrática é alongar os prazos de recolhimento de impostos federais e estaduais”, afirmou, no comunicado, o presidente da entidade, Paulo Skaf.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, destacou que as medidas "são importantes para os setores envolvidos" e terão impacto para setores da indústria que tem sentido dificuldades no momento como o de produção de ônibus, veículos agrícolas, educação e saúde.
"Acho que tá certo analisar setor por setor. Tomara que todos os dias tenha um anúncio como este", afirmou Andrade.
Desoneração dos investimentos
Uma das medidas elogiadas pela entidade é a da redução da TJLP (taxa dos empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), de 6% para 5,5%. "Isso facilita muito os investimentos. Estamos chegando onde sempre pleiteamos. Diante da inflação, a redução a 5,5% ao ano representa quase juro zero para o investimento", disse Andrade.
O mais importante, segundo o presidente da CNI, no entanto, é reduzir o peso dos impostos sobre investimentos. “Precismos concluir a desoneração de PIS e Cofins para que não reste nenhum imposto sobre os investimentos. Temos que tributar a produção e não aqueles que investem”, disse. A previsão da CNI é que a indústria irá crescer entre 2% e 2,5% em 2012.
Na avaliação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o novo pacote "deve ter resultado modesto, ao menos no curto prazo". Para a entidade, mesmo somado as quedas de juros e a redução do spread bancários, as medidas devem começar a mostrar seus efeitos somente no final do ano.
"Mesmo apoiando a atitude do governo, a FecomercioSP reafirma a necessidade de elaborar medidas que visem o estímulo ao consumo e a confiança do consumidor, que apesar dos ótimos índices de emprego e renda mostra-se resistente a comprometer seus recursos. Afinal, é o consumo das famílias o motor que tem possibilitado o desenvolvimento do País e a manutenção dos bons indicadores, mesmo frente ao cenário internacional", afirmou a federação, em nota.