Uma fazenda do norte de Minas Gerais encontrou uma maneira de enfrentar os problemas causados pela seca. A propriedade produz alimento suficiente para dar para o gado e ainda sobra comida para vender.
Várzea da Palma é um dos muitos municípios do norte de Minas Gerais incluídos no chamado Polígono das Secas. São regiões sujeitas a longos períodos de estiagem. A pecuária de corte é a atividade mais importante da região.
A Fazenda Vale da Vereda, por exemplo, compra todo ano cerca de duas mil cabeças de bois macros para confinar. Mas, este ano só conseguiu comprar 1,5 mil. Segundo o dono da fazenda, o médico veterinário Vicente Otávio da Fonseca, não é a falta de chuva nem de comida para os animais que causou a diminuição. Essa redução foi causada pela falta de boi magro.
Mas o produtor descobriu uma maneira de amenizar as crises do confinamento. A fazenda se especializou na produção de feno para o consumo e para vender aos outros pecuaristas da região. Com um corte por ano, os 500 hectares de capim cultivados na fazenda produzem 2,5 mil toneladas de feno. A estrutura atual permite à fazenda dobrar a quantidade de feno que produz. A meta é atingir cinco mil toneladas, fazendo dois cortes por ano.
A coleta do capim e o enfardamento do feno são as operações mais caras. Enquanto a roçadeira corta o capim, outro implemento espalha o capim para secar. O feno só deve ser enfardado de dois a três dias após a colheita, o que evita a propagação de fungos. Nessa etapa entra em ação a enfardadeira, que coleta o capim pela parte de baixo. À medida que entra na máquina, uma série de correias forma os fardos que são lançados para fora já amarrados com barbante e prontos para o uso. Para conservar o material por longos períodos é recomendável guardar o feno em local coberto.
Os funcionários da Vale da Vereda colocam os fardos diretamente no cocho para alimentar os animais do confinamento. Os animais consomem o alimento sem necessidade de espalhar. Este sistema, segundo os cálculos da fazenda, diminui a mão de obra e as perdas de comida.
O feno produzido na fazenda é de braquirão, planta que surge no meio do pasto, consorciado com estilosantes, uma leguminosa que enriquece o pasto e fixa nitrogênio no solo e causa economia na adubação.
O plantio do braquiarão consorciado com o estilosantes é feito na época das águas. Primeiro, é feita a análise do solo e a calagem. Na hora do plantio, as sementes do capim e dos estilosantes são misturadas na proporção de 10 por três. São usados 10 quilos de braquiária para três de estilosantes. A mesma máquina que distribui as sementes se encarrega de espalhar também o adubo na área. O pasto é perene e, bem manejado, pode produzir de sete a 10 anos. Mas, todo ano a fazenda reforça a adubação e as sementes de braquiarão para manter a densidade da área. Não é necessário semear o estilosantes de novo. A leguminosa é muito agressiva e retorna sozinha.
Além de ser um bom negócio para quem produz, o feno é uma necessidade em tempos de escassez de comida.
O produtor também pode fazer o feno sem uma grande estrutura. Existem enfardadeiras pequenas, manuais, que não são muito caras. Um técnico pode ajudar no começo da produção.