Edição do dia 23/08/2015

23/08/2015 08h00 - Atualizado em 03/09/2015 08h02

Pecuarista garante com feno a alimentação do gado na seca em MG

Fazenda produz 2,5 mil toneladas de feno em 500 hectares de capim.
Meta é atingir cinco mil toneladas, fazendo dois cortes por ano.

Ivaci MatiasVárzea da Palma, MG

Uma fazenda do norte de Minas Gerais encontrou uma maneira de enfrentar os problemas causados pela seca. A propriedade produz alimento suficiente para dar para o gado e ainda sobra comida para vender.

Várzea da Palma é um dos muitos municípios do norte de Minas Gerais incluídos no chamado Polígono das Secas. São regiões sujeitas a longos períodos de estiagem. A pecuária de corte é a atividade mais importante da região.

A Fazenda Vale da Vereda, por exemplo, compra todo ano cerca de duas mil cabeças de bois macros para confinar. Mas, este ano só conseguiu comprar 1,5 mil. Segundo o dono da fazenda, o médico veterinário Vicente Otávio da Fonseca, não é a falta de chuva nem de comida para os animais que causou a diminuição. Essa redução foi causada pela falta de boi magro.

Mas o produtor descobriu uma maneira de amenizar as crises do confinamento. A fazenda se especializou na produção de feno para o consumo e para vender aos outros pecuaristas da região. Com um corte por ano, os 500 hectares de capim cultivados na fazenda produzem 2,5 mil toneladas de feno. A estrutura atual permite à fazenda dobrar a quantidade de feno que produz. A meta é atingir cinco mil toneladas, fazendo dois cortes por ano.

A coleta do capim e o enfardamento do feno são as operações mais caras. Enquanto a roçadeira corta o capim, outro implemento espalha o capim para secar. O feno só deve ser enfardado de dois a três dias após a colheita, o que evita a propagação de fungos. Nessa etapa entra em ação a enfardadeira, que coleta o capim pela parte de baixo. À medida que entra na máquina, uma série de correias forma os fardos que são lançados para fora já amarrados com barbante e prontos para o uso. Para conservar o material por longos períodos é recomendável guardar o feno em local coberto.

Os funcionários da Vale da Vereda colocam os fardos diretamente no cocho para alimentar os animais do confinamento. Os animais consomem o alimento sem necessidade de espalhar. Este sistema, segundo os cálculos da fazenda, diminui a mão de obra e as perdas de comida.

O feno produzido na fazenda é de braquirão, planta que surge no meio do pasto, consorciado com estilosantes, uma leguminosa que enriquece o pasto e fixa nitrogênio no solo e causa economia na adubação.

O plantio do braquiarão consorciado com o estilosantes é feito na época das águas. Primeiro, é feita a análise do solo e a calagem. Na hora do plantio, as sementes do capim e dos estilosantes são misturadas na proporção de 10 por três. São usados 10 quilos de braquiária para três de estilosantes. A mesma máquina que distribui as sementes se encarrega de espalhar também o adubo na área. O pasto é perene e, bem manejado, pode produzir de sete a 10 anos. Mas, todo ano a fazenda reforça a adubação e as sementes de braquiarão para manter a densidade da área. Não é necessário semear o estilosantes de novo. A leguminosa é muito agressiva e retorna sozinha.

Além de ser um bom negócio para quem produz, o feno é uma necessidade em tempos de escassez de comida.

O produtor também pode fazer o feno sem uma grande estrutura. Existem enfardadeiras pequenas, manuais, que não são muito caras. Um técnico pode ajudar no começo da produção.

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