18/08/2016 17h25 - Atualizado em 18/08/2016 19h23

Ex-secretário diz à CPI que soube de R$ 30 milhões um mês antes de saída

Sobra de orçamento da Câmara do DF foi liberado a cinco empresas de UTI.
Caso foi um dos motivos para pedido de exoneração, afirma Fábio Gondim.

Do G1 DF

O ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Fábio Gondim (esquerda) durante depoimento à CPI da Saúde nesta quinta-feira (17) (Foto: Rogaciano José/CLDF/Divulgação)O ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Fábio Gondim (esquerda) durante depoimento à CPI da Saúde nesta quinta-feira (17) (Foto: Rogaciano José/CLDF/Divulgação)

O ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Fabio Gondim afirmou nesta quinta (18) à CPI da Saúde que apenas em fevereiro, um mês antes de sua saída da pasta, tomou conhecimento do repasse de R$ 30 milhões de sobra orçamentária da Câmara a seis empresas que prestam serviço de UTI. Os recursos foram liberados após acerto de suposto pagamento de propina a deputados distritais. O ex-gestor disse que o fato foi uma das causas para a saída dele do governo.

“Em fevereiro, me chegou a informação de que um pagamento de R$ 30 milhões que foi realizado e beneficiou algumas pessoas. Não me lembro se me trouxeram os nomes dos beneficiados, mas este foi um dos primeiros alertas de que talvez houvesse algo mais grave com o que eu deveria me preocupar”, afirmou Gondim.

“Foi uma das poucas vezes, pelo grau de detalhes que me trouxeram, que fiquei muito preocupado. Foi um mês antes de eu sair, um tempo muito curto e foi um dos motivos pelos quais eu considerei para sair [da Secretaria de Saúde].”

O ex-gestor disse que na mesma época pediu ao governador Rodrigo Rollemberg q exoneração do ex-subsecretário de Logística e Infraestrutura de Saúde Marcello Nóbrega e do ex-diretor do Fundo de Saúde Ricardo Cardoso. Gondim disse que o pedido não foi negado pelo chefe do Executivo, mas que ele pediu uma segunda conversa para esclarecer o assunto.

O ex-secretário também falou sobre a denúncia de suposto pagamento de propina para fechar contratos entre empresas e a pasta. Em conversa gravada com a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues, ele diz que que existe um “meio podre” na pasta.

Gondim disse à CPI que recebeu um relato sobre o suposto esquema de corrupção. Segundo ele, as conversas mostravam detalhes. O caso foi outro fator que motivou a saída da secretaria, disse.

Sobre o “meio podre” na pasta, ele afirmou que houve problemas de relacionamento com Nóbrega e outros servidores que não “combinavam com o modelo de gestão do ex-secretário”.

“Não tem nomes específicos, mas são pessoas que causam esses problemas de relação. Em todo lugar tem um grupo de pessoas que sempre é contra tudo que você quer fazer. Sempre há 5% de uma equipe que vão tentar te sabotar. Pode trocar de secretário dez vezes, se não tomar esse cuidado, não vai resolver. Forças ocultas que me fizeram sentir sabotado, freado.”

Quando perguntado pelo relator da comissão, deputado Lira (PHS), o secretário disse não ter informações sobre as empresas e pessoas físicas que supostamente participaram de esquema de corrupção na Saúde.

Antes de falar sobre os supostos casos de corrupção, Gondim expôs um panorama sobre a secretaria. O ex-gestor chegou a ser interrompido pelo deputado Wasny de Roure (PT), que pediu para que ele respondesse aos questionamentos da CPI e que tivesse mais celeridade no depoimento.

Panorama
Gondim comentou que faltavam “informações gerenciais” na Saúde. Segundo ele, mesmo com o orçamento anual de R$ 7,5 bilhões, faltavam condições de trabalho e de controle de ponto dos servidores.

“[Na Saúde] falta tudo, falta gestão. Não tinha condições de trabalho, dificuldade de fazer escalas e controle de ponto, mesmo sendo ponto eletrônico. O sistema informatizado de escala não conversava com o sistema de frequência. É um problema estrutural de décadas. Quando deixamos de fazer essa consideração, tendemos a misturar o joio e o trigo. E todo trigo quer ser separado do joio. ”

O ex-secretário declarou que a pasta esperava economizar R$ 1 bilhão por ano para reabastecer medicamentos e insumos nos centros de saúde. O déficit orçamentário, no início do mandato do governador Rodrigo Rollemberg era de R$ 6 bilhões, disse.

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