Um dos seis opositores refugiados na embaixada da Argentina na Venezuela —aos cuidados do Brasil desde a expulsão dos diplomatas de Buenos Aires do país—, deixou o local nesta quinta-feira (19) após receber liberdade condicional, informou à agência de notícias AFP uma pessoa com conhecimento do assunto.
O opositor em questão é Fernando Martínez Mottola, assessor da Plataforma da Unidade Democrática (PUD), principal força antagonista ao regime. Assim como diversas organizações independentes, a aliança afirma que houve uma fraude no pleito de julho, que elegeu pela terceira vez o ditador Nicolás Maduro, e reivindica a vitória de Edmundo González, atualmente exilado na Espanha.
Mottola se refugiou na embaixada argentina em Caracas em março e ficou ali ao lado de outros cinco colaboradores da líder da oposição, María Corina Machado. Todos são acusados de conspiração contra o regime de Maduro.
A pessoa do setor jurídico que deu a informação à agência afirma que Mottola compareceu voluntariamente diante do Ministério Público e está em casa. A oposição não respondeu a um pedido de comentário da AFP.
Os asilados denunciam há um mês um cerco policial contra a sede diplomática. Eles afirmam que funcionários armados fazem vigília no local, impedem a entrada de alimentos e cortam constantemente o fornecimento de luz e água.
A embaixada está sem funcionários diplomáticos desde agosto, quando a ditadura rompeu relações com o governo do ultraliberal Javier Milei, que questionou a reeleição de Maduro. A sede, então, passou a ser administrada pelo Brasil a pedido da Argentina —tarefa mantida até hoje, segundo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar de Caracas ter revogado a permissão em setembro.
A tensão entre Venezuela e Argentina aumentou ainda mais na semana passada, quando o governo de Milei denunciou que forças de segurança de Caracas haviam detido um funcionário da embaixada e um policial argentino.
O ministério das Relações Exteriores da Argentina não identificou o funcionário da embaixada nem deu detalhes sobre as circunstâncias de sua detenção. Já o cabo Nahuel Agustín Gallo foi detido quando entrou em território venezuelano vindo da Colômbia para visitar parte de sua família, que se encontra no estado de Táchira, no sudoeste da Venezuela, indicou a pasta.
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