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China cogita venda do TikTok nos EUA para Elon Musk, diz agência

Porta-voz da empresa diz a revista que discussões são 'ficção pura'

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São Paulo

Autoridades chinesas estão avaliando uma opção que envolveria vender a subsidiária do TikTok nos EUA para o empresário Elon Musk caso a rede social não consiga evitar um banimento até o próximo domingo (19). A informação é da agência de notícias Bloomberg.

Segundo a reportagem, que cita interlocutores familiarizados com o assunto, as autoridades de Pequim ainda preferem que o aplicativo continue sob o controle da ByteDance, mas, os juízes da Suprema Corte dos EUA já sinalizaram durante audiências em 10 de janeiro que provavelmente manterão a lei.

Elon Musk, CEO da Tesla, da SpaceX e dono do X - David Swanson - 6.mai.2024/Reuters

Altos funcionários chineses já haviam começado a debater planos de contingência para o TikTok como parte de uma discussão ampla sobre como trabalhar com o governo de Donald Trump. Um acordo com um seus maiores aliados teria um apelo para o governo chinês, que deverá influenciar no que será feito com a subsidiária da ByteDance, segundo a Bloomberg.

Musk gastou mais de US$ 250 milhões apoiando a eleição de Trump e foi escolhido para um papel na melhoria da eficiência de seu governo, que se inicia na próxima segunda-feira (20).

No cenário discutido pelo governo chinês, o X (ex-Twitter) assumiria o controle do TikTok nos EUA e Musk administraria as empresas de forma conjunta.

À revista Variety, um porta-voz do TikTok disse que essas discussões são "ficção pura".

Com mais de 170 milhões de usuários nos EUA, o TikTok poderia ajudar na busca do X por anunciantes. Musk também fundou uma empresa separada de inteligência artificial, a xAI, que poderia se beneficiar das quantidades de dados gerados pelo TikTok.

Segundo a Bloomberg, as autoridades chinesas ainda não chegaram a um consenso sobre como proceder e suas deliberações ainda são preliminares.

Não está claro quanto a ByteDance sabe sobre as discussões do governo chinês ou se o TikTok e Musk foram envolvidos. Também não está claro se Musk, TikTok e ByteDance mantiveram conversas sobre os termos de um possível acordo.

Musk e seus representantes não responderam a um pedido de comentário da Bloomberg. Musk postou em abril que acha que o TikTok deveria permanecer disponível nos EUA.

"Na minha opinião, o TikTok não deveria ser banido nos EUA, mesmo que tal proibição possa beneficiar a plataforma X", escreveu. "Fazer isso seria contrário à liberdade de expressão. Não é o que a América representa."

Representantes da ByteDance e do TikTok não responderam a mensagens da Bloomberg solicitando posicionamento. A Administração do Ciberespaço da China e o Ministério do Comércio da China, agências governamentais que poderiam estar envolvidas em decisões sobre o futuro do TikTok, também não responderam.

As conversas em Pequim sugerem que o destino do TikTok pode não estar mais sob o controle exclusivo da ByteDance, disseram os interlocutores.

As autoridades chinesas reconhecem que enfrentarão negociações difíceis com o governo Trump sobre tarifas, controles de exportação e outras questões, e veem as negociações do TikTok como uma área potencial para reconciliação, disseram.

O governo chinês detém uma chamada "participação dourada" em uma afiliada da ByteDance que lhe dá influência sobre a estratégia e operações da empresa. O TikTok afirma que o controle se aplica apenas à subsidiária baseada na China, Douyin Information Service, e não tem influência sobre as operações da ByteDance fora da China.

Ainda assim, as regras de exportação de Pequim impedem que empresas chinesas vendam seus algoritmos de software, como o que está por trás do TikTok. Como o governo chinês teria que aprovar uma venda que inclua o valioso mecanismo de recomendação do TikTok, ele tem uma voz significativa em qualquer possível acordo.

As operações do TikTok nos EUA poderiam ser avaliadas em cerca de US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões, estimaram no ano passado os analistas da Bloomberg Intelligence Mandeep Singh e Damian Reimertz. Essa é uma soma substancial mesmo para a pessoa mais rica do mundo.

Não está claro como Musk poderia realizar tal transação, se exigiria a venda de outras participações ou se o governo dos EUA aprovaria. Ele pagou US$ 44 bilhões pelo Twitter em 2022 e ainda está pagando empréstimos consideráveis.

Musk tem uma reputação positiva entre muitos funcionários da ByteDance na China, de acordo com a Bloomberg. Ele é visto como um empreendedor de muito sucesso, que tem experiência em lidar com o governo chinês através de sua empresa Tesla, acrescentou.

Os líderes da ByteDance repetidamente disseram que a prioridade é lutar contra a legislação dos EUA que exige que a empresa com sede em Pequim venda ou feche as operações nos EUA devido a preocupações de segurança nacional.

Os advogados do TikTok argumentaram que a legislação viola as leis de liberdade de expressão sob a Primeira Emenda.

A maioria dos juízes da Suprema Corte sugeriu que as preocupações de segurança têm prioridade sobre a liberdade de expressão, embora ainda não tenham emitido uma decisão formal.

O presidente eleito Trump, que assume o cargo em 20 de janeiro, procurou adiar a proibição do TikTok —que entra em vigor em 19 de janeiro— para que ele possa trabalhar nas negociações.

Ele disse que quer "salvar" o aplicativo e há especulações de que ele poderia tomar uma ação de última hora para contornar a proibição.

Na prática, desmembrar o negócio do TikTok nos EUA seria altamente complexo, afetando acionistas na China e nos EUA. Advogados do TikTok argumentaram perante a Suprema Corte que separar as partes americanas do produto seria "extraordinariamente difícil".

Não está claro se a subsidiária do TikTok nos EUA seria vendida em um processo competitivo ou se uma venda seria organizada pelo governo.

O bilionário Frank McCourt e o investidor do "Shark Tank" Kevin O’Leary fazem parte de uma oferta através do Project Liberty para adquirir o TikTok, que O’Leary disse ter discutido com Trump. No passado, a Microsoft tentou adquirir o negócio, e a Oracle tem uma parceria tecnológica profunda com a empresa.

Uma alternativa para o TikTok seria transferir seus clientes existentes nos EUA para um aplicativo semelhante —com uma marca diferente— para potencialmente contornar a proibição, disse um dos interlocutores à Bloomberg. Não está claro quão eficaz seria tal movimento.

Uma pessoa próxima à empresa, que falou à Bloomberg sob condição de anonimato, disse antes da audiência na Suprema Corte que a batalha legal ainda é o foco dos principais executivos e eles prefeririam continuar lutando nos EUA em vez de vender o TikTok nos EUA e ceder o controle para sempre.

Musk está em posição de influenciar a relação China-EUA como a pessoa mais rica do mundo com negócios que abrangem as duas maiores economias do mundo.

A Tesla, onde Musk é CEO, ergueu uma fábrica extensa em Xangai em 2019 e desde então expandiu a instalação para a maior base de produção da empresa. O esforço ajudou a Tesla a expandir sua participação de mercado na China, apesar da forte concorrência local, e a construir boa relação com os funcionários do governo.

Enquanto Trump está formando seu governo com críticos da China, como o indicado para secretário de Estado Marco Rubio, Musk se manifestou contra algumas políticas comerciais recentes da China, incluindo as tarifas do governo Biden sobre veículos elétricos chineses.

Com Bloomberg

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