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Le Monde chama Fernanda Torres de monocórdica e detona 'Ainda Estou Aqui'

Obra foi fartamente elogiada pela crítica local, mas autor viu problema na abordagem melodramática do longa

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Paris

Após ter feito sucesso no Brasil, "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, começa a chegar ao circuito internacional ao longo desta semana, entrando nesta quarta-feira (15) em 200 salas na França com o título "Je Suis Toujours Là".

A maior parte das resenhas do filme no país tem sido elogiosa, mas o vespertino Le Monde, que dedicou uma página ao filme brasileiro em sua edição de quarta, fez a crítica mais ácida, em texto assinado pelo crítico Jacques Mandelbaum.

A atriz Fernanda Torres como Eunice Paiva em cena de 'Ainda Estou Aqui'
A atriz Fernanda Torres como Eunice Paiva em cena de 'Ainda Estou Aqui' - Divulgação

Ele desaprovou a "concentração melodramática" na figura de Eunice Paiva, que faria o filme "passar com um traço leve demais pela compreensão do mecanismo totalitário". Além disso, a atuação de Fernanda Torres é, para Mandelbaum, "um tanto monocórdica".

Para Mandelbaum, a Eunice do filme beira uma representação religiosa demais do sofrimento, sobretudo na comparação com o trabalho de outra brasileira, Sônia Braga, em "Aquarius", de 2016, sobre uma mulher que tenta impedir a demolição do prédio onde mora.

O jornal dá ao filme uma estrela, em uma escala que vai até quatro.

A revista Télérama, por sua vez, deu ao longa a nota "très bien", muito bem em francês, a segunda maior de uma escala de cinco.

Para o Le Figaro, Torres é "uma das maiores atrizes do mundo". Segundo o jornal, o filme é uma "homenagem magnífica a uma mulher combativa", Eunice Paiva, que lutou durante décadas para punir os responsáveis pelo desaparecimento do marido, o ex-deputado Rubens Paiva, morto em 1971 pela ditadura militar.

Já para a revista Trois Couleurs, "Ainda Estou Aqui" é "um painel dilacerante" que conecta o passado "à atualidade de um fascismo que ameaça voltar".

Outros veículos importantes elogiaram a produção, como o Les Échos ("Ainda Estou Aqui: Uma história brasileira. Um grande filme impressionista e político"), L’Humanité ("Walter Salles realiza um drama e um thriller político monumental e comovente"), La Croix ("Um filme elegante e romanesco conduzido pela atuação de sua protagonista, Fernanda Torres"), Sud Ouest ("Um magnífico retrato de Eunice Paiva") e Le Point ("Uma obra comovente sobre os anos sombrios do Brasil").

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