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SHOW DE LUZES
Comemorando 200 anos de espetáculos, a Walt Disney e a Livent investem US$ 200 milhões na região
Broadway renasce com grandes corporações
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
Encerrada no último mês, a temporada 97/98 foi a de maior sucesso na história da Broadway. Na
projeção da Liga dos Teatros e
Produtores Americanos, foram
mais de US$ 550 milhões em ingressos vendidos e mais de 11 milhões de espectadores.
O êxito da temporada, depois de
décadas de decadência que levaram a Prefeitura de Nova York a
estabelecer uma comissão de preservação em 1982, reflete o estabelecimento das corporações na
Broadway.
A Walt Disney Co., que começou
no teatro comercial com "Beauty
and the Beast" há três anos, investiu US$ 34 milhões na reconstrução do teatro New Amsterdan
-onde estreou o musical "The
Lion King", ano passado.
A Livent Inc. investiu US$ 10 milhões para erguer um novo teatro,
Ford Center for the Performing
Arts -onde estreou "Ragtime",
espetáculo que dividiu com "The
Lion King" os prêmios Tony para
musicais, na temporada.
Nos dois musicais, Disney e Livent buscaram, ao contrário do
que ocorreu com "Beauty and the
Beast", encenações de qualidade
teatral-e não só grandes produções para turistas. Para "The Lion
King", a Disney recorreu a uma
diretora da vanguarda, Julie Taymor.
Mas não são apenas as grandes
corporações que deram fôlego à
Broadway, na temporada. Também na dramaturgia dita séria
houve um ressurgimento, com
importações de Londres -o que é
a regra no teatro americano.
Um ressurgimento marcado por
textos como "The Beauty Queen
of Leenane" e "Art", esta de autora francesa, mas que chamou a
atenção com uma montagem no
West End -a versão londrina da
Broadway, como centro de teatro
comercial.
Antes das corporações, dois musicais de menor produção, mas de
grande público, já haviam revigorado a Broadway, dois anos atrás:
"Rent" e "Bring in 'da Noise,
Bring in 'da Funk". Também um
texto sério, mas de grande bilheteria, antecedeu "Art" no renascimento dos anos 90: "Angels in
America".
Dois séculos
A Broadway sai, nesta década, de
uma crise de alta de custos e de ingressos que levou produtores a se
refugiarem cada vez mais, nos
anos 70 e 80, nas chamadas Off
Broadway e Off-Off Broadway
(leia texto abaixo).
Nome de uma avenida que corta
a ilha de Manhattan, a Broadway
ganhou seu primeiro teatro há
dois séculos. Foi em 1798 que as
famílias ricas da cidade ergueram
o New Theater, depois Park, no
cruzamento da Broadway com
uma estrada para Boston.
Foi no Park que se apresentou o
inglês Edmund Kean, lendário
ator shakespeariano. Conforme a
cidade cresceu, o centro teatral
avançou para o norte, na Broadway. Primeiro para o cruzamento
com a rua 14 e depois, em 1895,
atravessando a rua 42.
Já era o Longacre Square, depois
chamado Times Square, até hoje o
"distrito teatral" de Nova York
-e o maior centro comercial do
teatro no mundo.
Veio então a "era de ouro" das
primeiras décadas do século, com
as "revistas" chamadas Ziegfeld
Follies e sobretudo os grandes
musicais, que firmaram o gênero
-criados por Irving Berlin, Jerome Kern e Oscar Hammerstein 2�,
George e Ira Gershwin, Cole Porter e outros.
Uma era que, bem ou mal, atravessou duas guerras mundiais e
prosseguiu até os anos 60, com
musicais como "West Side
Story", de Leonard Bernstein e
Stephen Sondheim, e o mais popular de todos, "Fiddler on the
Roof". Aí começaram os problemas.
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