Famosa por ter popularizado o financiamento coletivo para projetos de impacto social, a Benfeitoria se torna grupo, somando um instituto sem fins lucrativos e uma agência à plataforma de doações. A decisão vem após mobilização de R$ 205 milhões para projetos durante a pandemia e com expectativa de quintuplicar seu impacto nos próximos dois anos.
A estrutura do Grupo Benfeitoria é híbrida. De um lado, a agência oferece comunicação, planejamento e gestão de projetos de impacto e projetos ESG para organizações como Globo e Fundação Tide Setubal.
De outro, o instituto mobiliza capital filantrópico para investir em soluções tecnológicas como o matchfunding, modalidade que duplica o valor doado. E a plataforma segue com campanhas de crowdfunding.
"Nos entendemos como uma organização com fins positivos e, eventualmente, meios lucrativos", diz Tatiana Leite, cofundadora do Grupo Benfeitoria e hoje à frente do Benfeitoria Studio [agência] e do instituto.
Isso porque desde sua fundação, em 2011, a Benfeitoria atuava com projetos que não geravam lucro. "A lógica é bonita e gratificante, mas a prática se prova ineficiente, pois limita nosso crescimento e, consequentemente, nosso impacto."
Para apoiar a transição do negócio social para a estrutura híbrida, o grupo conta com mais um sócio além de Leite e de seu marido, Murilo Farah, que segue como CEO da plataforma.
Rodrigo Pipponzi é cofundador e presidente do conselho do Grupo MOL, organização que também virou grupo recentemente e já doou R$ 65 milhões por meio de produtos sociais como revistas e calendários.
"Desde que me afastei da vida executiva da MOL, tenho me dedicado a criar pontes no cenário da filantropia e investimento social privado", diz Pipponzi, que é também é herdeiro da Droga Raia. "Juntos, estamos comprometidos em desbravar um Brasil mais colaborativo, inventivo e socialmente responsável."
O trio se aproximou por algo em comum: o Prêmio Empreendedor Social, promovido anualmente pela Folha e Fundação Schwab, e a Rede Folha de Empreendedores Sociais, comunidade que agrega vencedores e finalistas do concurso.
A MOL foi vencedora em 2018, enquanto a Benfeitoria foi finalista em 2022, como destaque na pandemia, por ter abraçado 7.000 projetos e uma avalanche de campanhas de crowdfunding e matchfunding.
As campanhas virtuais, que engajaram 500 mil pessoas durante a crise sanitária, possibilitaram doar 20 usinas de oxigênio e 81 milhões de EPIs a 1.790 hospitais. Outros 430 projetos sociais foram apoiados nas periferias.
"Era o país todo pedindo ajuda para tudo quanto é causa, emergência e ação. A gente se reinventou para dar conta de tudo", diz Tati.
Em 2020, o negócio social chegou a um grau de maturidade que tornou possível pensar em caminhos para além da plataforma.
O Grupo Benfeitoria está nos primeiros guardanapos que a gente rascunhava
"Começamos com o financiamento coletivo, até para se firmar nesse território, mas sempre foi mais que isso", afirma Tati Leite. "Nos encaramos como laboratório de inovação social e o Grupo Benfeitoria é um sonho antigo, está nos primeiros guardanapos que a gente rascunhava."
Com as novas frentes, a expectativa é a de triplicar a equipe e quintuplicar o impacto nos próximos dois anos.
"A ideia é fazer um match: enquanto a plataforma de financiamento beneficia a ponta, o studio se volta para quem tem poder e influência e o instituto liga os públicos, ao captar e distribuir recursos para democratizar tecnologias digitais e sociais."
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