Descrição de chapéu Obituário Luiz Chagas Marques Rocha (1931 - 2024)

Mortes: Químico criado na roça, reencontrou o amor aos 79 anos

Luiz Rocha foi criado numa fazenda em Santa Maria e conheceu sua segunda esposa num site de relacionamentos

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São Paulo

Quando tinha cerca de 18 anos, Luiz Rocha achou que lhe restavam poucos meses de vida. Recebeu um diagnóstico dizendo que estava com leucemia, o que equivalia a uma sentença de morte no fim da década de 1940.

Ele morava em Santa Maria (RS). Seu pai lhe deu uma carteira com dezenas de passagens de trem, o que Luiz interpretou como um recado para que vivesse ao máximo seus últimos dias, indo onde bem entendesse.

Algumas semanas depois, o resultado de um novo exame mostraria que, na verdade, estava com brucelose —doença bacteriana, que com frequência era confundida com o câncer de células sanguíneas.

Um homem idoso com cabelo branco e um sorriso amigável. Ele está usando uma camisa azul com padrões. Ao fundo, há uma mesa com utensílios e pratos, sugerindo um ambiente domiciliar
Luiz Chagas Marques Rocha (1931 - 2024) - Leitor

O episódio mudou por alguns dias a maneira como ele enxergava a vida. Cerca de um ano depois, matriculou-se no curso de química industrial —a profissão do futuro, segundo seus professores— na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Foi numa das viagens de trem que ele conheceu sua primeira esposa e mãe de seus dois filhos. Gladys era filha de um engenheiro que trabalhava na via férrea Sul-Riograndense e tinha direito a um vagão para usar como os aposentos da família.

Conheceram-se no vagão de restaurante. Ela descobriu onde ele estudava e um dia levou um convite para que fossem juntos a um baile.

Luiz era um dos dez filhos de um casal de fazendeiros de Santa Maria. Tocava o rebanho na propriedade, e aprendeu a nadar ao se pendurar no rabo de uma vaca, depois de empurrá-la para dentro de um açude.

O trabalho como engenheiro químico, e mais tarde na área de vendas, o levou para morar em Esteio, Pelotas, Blumenau (SC), Rio de Janeiro e São Paulo, além de várias passagens por Porto Alegre. Dos amigos e da família, era reconhecido por seu companheirismo: dava treinamentos informais aos colegas de trabalho, incentivava todos a vencerem seus medos.

Quando já tinha mais de 70 anos, fez um curso para virar palhaço da ONG Canto Cidadão e para animar pacientes de hospitais. Fazia curso de meditação com a enteada.

Gladys morreu quando ele tinha 77 anos. Dois anos depois, conheceu a psicóloga Liça Bomfim, à época com 70 anos, num site de relacionamentos. A conexão entre eles foi imediata. Dias depois de se conhecerem pessoalmente pela primeira, Liça falou: "Eu já estive com você". A sensação era de que se conheciam havia décadas.

Casaram-se nove meses depois —no civil e no religioso, por insistência de Luiz. Os filhos dele foram pedir a mão de Liça às filhas dela. Foram 14 anos do que Liça descreveu como os mais felizes de sua vida.

Luiz Rocha viveu até os 93 anos. Ele morreu em setembro, por complicações de um quadro de Parkinson e uma queda, deixando os dois filhos, um irmão, a esposa, os enteados, cinco netos e três bisnetos.

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