Descrição de chapéu Folhajus aborto

Jovens são mais favoráveis à legalização do aborto do que da maconha para uso recreativo

Pesquisa do Sou Ciência, da Unifesp, aponta ainda que menos da metade dos jovens diz apoiar ao casamento entre pessoas do mesmo gênero

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São Paulo

Os jovens brasileiros são mais favoráveis à legalização do aborto voluntário do que ao uso recreativo de maconha, segundo pesquisa do Sou_Ciência (Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência), da Unifesp.

O levantamento foi feito com o objetivo de entender as características, valores e opiniões dos jovens de 18 a 27 anos. Os dados mostram que 40,8% da população dessa faixa etária é a favor da legalização do aborto, enquanto apenas 33,3% são favoráveis a legalização do uso de maconha.

"Havia uma expectativa de que os jovens fossem mais abertos a esses temas, por estarem mais imersos nessas situações do que os mais velhos. Mas os dados nos mostram outra realidade, menos da metade deles são favoráveis a pautas mais progressistas de comportamento", diz Pedro Arantes, coordenador da pesquisa.

Jovem fuma um cigarro de maconha durante a Marcha da Maconha, na avenida Paulista, em São Paulo - Ronny Santos - 24.mai.23/Folhapress

Foram entrevistadas 1.034 pessoas de todas as regiões do país no período de 16 e 23 de setembro. Os dados foram ajustados com base no censo mais recente do IBGE para refletir o perfil real da juventude brasileira. O intervalo de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Os dados indicam que os jovens de mais baixa renda são os mais contrários à legalização da maconha. Entre as classes D e E, apenas 29,7% apoiam a proposta, enquanto entre os jovens das classes A e B esse percentual chega a 36,8%.

A pesquisa sugere ainda que a orientação política é um fator decisivo sobre o tema. Os jovens que se dizem de esquerda/centro-esquerda são mais abertos à legalização (54,4%) do que os que se dizem de direita/centro-direita (19,8%).

Situação parecida ocorre em relação à legalização do aborto. Entre os jovens das classes A e B, 46,3% são favoráveis à prática, enquanto o apoio dos jovens das classes D e E cai para 32,9%.

A orientação política também é decisiva nesse tema. Apenas 25% dos jovens autodeclarados de direita ou centro-direita se dizem a favor da interrupção voluntária da gravidez, enquanto 68,6% dos de esquerda e centro-esquerda concordam com a legalização.

Arantes destaca também que a pesquisa identificou um grande contingente de jovens nem-nem, ou seja, aqueles que dizem não ter uma posição política. Dos entrevistados, 66% respondeu que não sabia ou não queria responder com qual espectro político se identifica ou que disseram não ter uma posição no assunto.

Apenas 16% disseram se identificar como de esquerda, e 17% se disseram de direita

Os dados mostram ainda que os jovens nem-nem foram os que percentualmente mais se abstiveram de responder às questões de opinião.

"A ideia de que jovem tem opinião sobre tudo não é mais verdade. Muitos deles não sabem ou não querem opinar sobre temas variados, o que pode estar ligado ao fato de se sentirem acuados em se posicionar com o nível de conflitividade tão alto nos debates do Brasil", diz Arantes.

Casamento homoafetivo

Outro dado destacado pelos pesquisadores é que menos da metade dos jovens brasileiros (44,3%) disse ser favoráveis ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, assegurado no Brasil há 13 anos.

Em maio de 2011, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que as uniões entre pessoas do mesmo sexo se equiparam, no âmbito do direito civil, às uniões entre pessoas de sexos opostos.

A renda e posicionamento político aparecem como fatores importantes para a opinião sobre o tema. Mas nesse assunto, também tem grande influência a religião.

Entre os jovens das classes A e B, 48,5% afirmam ser favoráveis ao casamento homoafetivo. Entre os das classes D e E, apenas 35,4% dizem apoiar o direito.

A orientação política aparece como o fator mais decisivo na opinião sobre o assunto: quanto mais à esquerda, maior a chance de ser favorável a ela. Entre os jovens que se identificam como de esquerda e centro-esquerda, 79,3% apoiam a pauta, segundo a pesquisa. Já entre os de direita e centro-direira, apenas 26,7% são favoráveis.

Os jovens autodeclarados ateus são os que mais apoiam a causa (58,6%), seguidos pelos católicos (48,8%). Protestantes e evangélicos são o grupo que menos se declara favorável ao tema, com apenas 26,3%.

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