Descrição de chapéu violência Rio Grande do Sul

Tio de atirador em Novo Hamburgo (RS) soube dos assassinatos pela televisão

Parente afirma que desconhecia conflitos entre Edson Crippa e os pais; vizinhos relatam choque com ataque

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Novo Hamburgo (RS)

O ataque a tiros feito pelo caminhoneiro Edson Crippa, 45, morto na manhã desta quarta-feira (22) depois de assassinar três pessoas e ferir outras nove, surpreendeu até aos familiares mais próximos.

Caminhando no pátio da casa do irmão Eugênio, pai de Edson e um dos mortos no ataque, o aposentado Pedro Crippa diz não entender o que aconteceu.

"Eu estava assistindo à reportagem na TV ao meio-dia e aí me apavorei quando citou o nome dele", conta Pedro, morador da cidade vizinha de Estância Velha. "Peguei o carro e vim embora pra cá."

A imagem mostra uma janela de madeira com persianas, parcialmente aberta, em uma parede pintada de verde. Há várias marcas de tiros visíveis na parede ao redor da janela. Um ar-condicionado está instalado ao lado da janela. Uma mão com uma luva branca está estendida para fora da janela, apontando para algo fora do quadro.
Policial faz inspeção em marcas deixadas na casa onde um caminhoneiro matou três pessoas em Nova Hamburgo (RS) - Jonathan Heckler/Agência RBS/AFP

Além do pai, Edson matou o irmão e um policial militar e baleou a mãe e a cunhada. Ambas estão internadas em estado grave, assim como dois policiais militares. A casa está com acesso restrito a familiares, peritos e agentes de segurança.

O tio do atirador diz que não sabia de um histórico de conflitos entre Edson e os pais nem do diagnóstico de esquizofrenia e das internações do sobrinho em clínicas psiquiátricas. Também disse nunca ter imaginado que naquela casa havia um arsenal de quatro armas e centenas de munições em casa.

"Eu estive aqui mês passado, estava tudo bem. Até falei para eles 'vocês não aparecem lá em casa, aí vim aqui ver como vocês estão'", conta.

Já um vizinho, que não quis se identificar, disse que não tinha uma boa relação com Edson. Afirma que o caminhoneiro tinha comportamentos estranhos e não era uma pessoa simpática.

O professor Marlon Nunes, morador de um prédio a poucos metros da cena do crime, diz que a vizinhança não sabia que Edson tinha porte de arma.

Ele e outros condôminos passaram a madrugada acordados e relatam o barulho ensurdecedor de disparos em vários momentos da madrugada.

"Eu vi ele derrubando um drone no escuro", diz Marlon. Edson abateu dois drones da polícia, usados durante a operação que resultou em centenas de tiros e buracos na parede de casas próximas.

Segundo Marlon, a família era pacata, e era costumeiro vê-los no pátio cuidando do jardim, sempre com a grama cortada e canteiros arrumados. "Eram pessoas com capricho", falou.

Ele diz que também não sabia que Edson tinha esquizofrenia, assim como relatam outros vizinhos, ainda consternados com as circunstâncias da tragédia.

Os policiais conseguiram se aproximar dos fundos da casa da família Crippa por uma escada emprestada pelos moradores do prédio.

Após a morte do atirador, os agentes encontraram, além de mais de 300 munições não disparadas.

"Quem acerta um drone com uma pistola não é uma pessoa que não tem noção de tiro", disse o secretário estadual de segurança Sandro Caron em coletiva de imprensa no Batalhão de Polícia de Novo Hamburgo.

Para o comandante geral da Brigada Militar, comandante Cláudio dos Santos Feoli, o ataque não foi premeditado. "Foi o ápice de algum problema que já era recorrente, mas não era de conhecimento das forças policiais", disse.

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