Vinicius Mota

Secretário de Redação da Folha, foi editor de Opinião. É mestre em sociologia pela USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vinicius Mota

Protecionismo de tiozão é péssima política

Economias ricas, perto da estagnação, erram ao evitar a incorporação de vastas populações à economia moderna

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Donald Trump está furibundo com os chineses. Prometeu intensificar a artilharia comercial contra Pequim depois que o gigante asiático respondeu à primeira onda de protecionismo norte-americano.

O contexto da escaramuça embute a provável recaída das economias desenvolvidas na recessão depois de anos de crescimento. O efeito da guerra comercial sobre o desalento no mundo rico não há de ser bom.

Os líderes do G7 reunidos até este domingo (25) em Biarritz, na França, quebram a cabeça na tentativa de encontrar soluções políticas e técnicas capazes de ao menos limitar os danos desse choque de nuvens carregadas.

Com as taxas de juros perto das mínimas da história documentada do capitalismo e a caixa de feitiçarias adicionais da política econômica esvaziada, há quem defenda só ter restado como balão de oxigênio a ampliação das despesas do governo e dos seus déficits.

Se o Estado gastador funcionar, só vai empurrar para a frente o problema de fundo: as economias ricas exibem sinais reiterados de estafa na sua capacidade de produzir cada vez mais com o mesmo volume de trabalho.

Donald Trump e Emmanuel Macron no segundo dia do encontro do G7, em Biarritz, na França - Ludovic Marin/AFP

Em 1950, uma hora trabalhada na Alemanha rendia US$ 8 em bens e serviços. Quase sete décadas depois, o indicador chegou a US$ 71, mas o ritmo da elevação veio caindo ao longo do período e tende a zero.
Organismos vivos não crescem ilimitadamente, populações tampouco. Há quem preveja o mesmo para a economia, com base em boa teoria. Do outro lado, seus críticos postulam a capacidade quase infinita do sistema de absorver ideias novas e ampliar horizontes.

Em qualquer hipótese, o protecionismo dos tiozões contra a molecada emergente é péssima resposta, porque freia a incorporação de vastos contingentes à economia moderna. Menos gente engajada nessa aventura significa menos riqueza e menos ideias para driblar a profecia da estagnação secular.
 

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.