Diante dos problemas que afligem o Brasil e aporrinham o seu povo, recebo um e-mail cobrando-me uma solu��o para um dos grandes (sen�o o maior) problema: a reforma da Previd�ncia.

Meu primeiro e mais salutar impulso � repetir um personagem de Dickens. Chegando � cidade acompanhado pela diretoria do clube Pickwick, cujo presidente perp�tuo era ele mesmo, havia um com�cio pol�tico e todo mundo berrava: sim! sim! Mal saltou da carruagem, Mr. Pickwick come�ou tamb�m a gritar: sim! sim! O entusiasmo do presidente alarmou a diretoria do clube e uma delega��o foi interrog�-lo.

–Mestre, o senhor sabia o que estava gritando?

–N�o! Mas toda vez que voc�s encontrarem uma multid�o gritando sim ou n�o, gritem com a multid�o.

A li��o pareceu s�bia, mas assim mesmo o tesoureiro do clube, homem pr�tico e previdente, argumentou: –Mestre, e se houver duas multid�es gritando, uma sim, outra n�o?

–Ent�o grite com aquela que estiver gritando mais alto.

Gritando mais alto, o brasileiro comum cobra do governo n�o apenas moralidade, mas a realiza��o de grandes obras. Por exemplo: Niter�i era uma viagem ao fim do mundo, ao �ltimo peda�o da mat�ria. Tomava-se a barca na pra�a 15 e desc�amos no outro lado do universo, al�m do buraco negro formado pelo Big Ben. Niter�i era apenas longe e improv�vel como o reino de Cristo e de Paulo Francis.

Era uma viagem aos limites do universo. Hoje, Niter�i, como o resto do Brasil, � uma cidade gostosa, apesar de sofrer infla��o, viol�ncia e perplexidade.

Deixando Niter�i e Paulo Francis de lado, sobra para n�s o grande enigma: o governo a ser eleito no ano que vem ser� pior ou melhor do que o atual. Num ou noutro caso, tudo continuar� igual, se o Brasil continuar existindo.