O governador do Rio encontrou um novo problema na segurança pública fluminense. O que incomoda Cláudio Castro, no entanto, está bem distante dos batalhões e das ações dos policiais nas ruas do estado
Nos últimos dias, o governador se lançou numa investida insólita contra a diplomacia brasileira. Castro criticou a postura do Itamaraty após a abordagem de três jovens negros em Ipanema, na semana passada. Na ocasião, policiais apontaram armas para os adolescentes, filhos de diplomatas estrangeiros. O ministério pediu desculpas às embaixadas.
A reação começou com uma defesa corporativista da PM. "Atacar a polícia antes de saber o que aconteceu é muito fácil. Espero por parte do Itamaraty um pouco mais de respeito e consideração pela Polícia Militar", disse Castro, na terça (9).
O governador se irritou porque, ao fazer um pedido formal de desculpas, o Itamaraty apontou uma falha na atuação da polícia. Castro, por sua vez, indicou estar satisfeito com um protocolo de abordagens armadas, mesmo em situações em que não há indícios objetivos de suspeita contra os indivíduos.
A justificativa do governador foi que a polícia atua na região "procurando exatamente situações de jovens praticando delitos". O que Castro não explicou foram os motivos da abordagem, nem as imagens e os depoimentos que indicam que só os rapazes negros foram revistados.
Numa declaração que soaria bizarra até numa esquete sobre a mediocridade da política de segurança do Rio, ele praticamente institucionalizou o perfilamento racial. "É muito complicado o policial saber se é filho de um diplomata, de um rico, se é filho de alguém que está cometendo um delito ou não", disse.
Castro só acertou quando disse que é preciso entender "a complexidade do trabalho policial". O governador deveria dar o exemplo.
No dia seguinte, Castro ainda afirmou que o Itamaraty avacalhou a polícia do Rio. Ele poderia ser mais generoso e reconhecer sua contribuição inestimável nessa missão.
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