Ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, �
doutor em economia pela Universidade da Calif�rnia.
Escreve �s quartas, semanalmente.
Apesar da queda recente, desemprego neste ano deve superar o de 2016
Uarlen Val�rio/O Tempo/Folhapress | ||
Feir�o com 250 vagas de emprego atraiu cerca de 4.000 pessoas no centro de Belo Horizonte (MG) |
Por for�a do desempenho acima do esperado no segundo trimestre, as proje��es de crescimento do PIB, tanto para 2017 como para 2018, v�m sendo revistas: de 0,4% para 0,7% e de 2,0% para 2,3% respectivamente, processo que deve continuar, embora a ritmo mais lento, nas pr�ximas semanas.
� uma boa not�cia, sem d�vida, mas resta traduzir esse desempenho em algo que pare�a menos distante da experi�ncia das pessoas do que uma grandeza abstrata como o PIB. Em particular, o que significa isto em termos do desemprego, possivelmente a faceta mais n�tida da recess�o iniciada em meados de 2014?
A este respeito tamb�m se observa uma melhora. A taxa de desemprego, que atingiu 13,7% no primeiro trimestre deste ano (14,2 milh�es de desempregados), recuou para 12,8% nos tr�s meses encerrados em julho (13,3 milh�es de pessoas).
� verdade que parte disto se deve puramente � sazonalidade, j� que tipicamente o desemprego sobe no come�o do ano para atingir seu valor mais elevado em mar�o/abril e a� recua at� dezembro. "Limpando", por�m, o dado das flutua��es sazonais estimamos que a taxa de desemprego tenha ca�do do pico de 13,1% em fevereiro para 12,6% em julho.
Isso dito, o que esperar daqui para frente, � luz de um crescimento mais r�pido?
Para responder esta pergunta estimamos a rela��o entre a taxa de crescimento e a varia��o do desemprego no Brasil (a "lei do Okun", no jarg�o da profiss�o), ou seja, como se comporta a taxa de desemprego para diferentes ritmos de expans�o do PIB. No caso, comparamos a evolu��o do desemprego em um dado trimestre sobre o mesmo trimestre do ano anterior em resposta � varia��o do PIB, tamb�m calculada desta forma.
Nossos resultados foram surpreendentemente robustos, considerando a qualidade dos dados, especialmente no que se refere �s estat�sticas de desemprego antes de 2012. Para o per�odo mais recente (do segundo trimestre de 2008 ao segundo trimestre de 2017), em que mais da metade da amostra se concentra em dados de melhor qualidade, obtivemos os seguintes resultados.
Em primeiro lugar, a taxa de desemprego s� cai (sempre na compara��o com o mesmo trimestre do ano anterior) quando a varia��o do PIB ultrapassa 2,2% (isto, a prop�sito, se tomado ao p� da letra, sugeriria que nossa capacidade de crescimento potencial seria ao redor desse valor). Em particular, quando o PIB fica estagnado, a taxa de desemprego aumenta em torno de 1%.
Em segundo lugar, cada ponto percentual de crescimento do PIB que supere o patamar de 2,2% implica redu��o da taxa de desemprego entre 0,4% e 0,5%.
Tais resultados sugerem que o desemprego em 2017 ainda ser� maior que o do ano passado, apesar da queda recente, e que somente em 2018 devemos observar queda, embora modesta.
Por outro lado, a persist�ncia de taxas elevadas de desemprego –acoplada � promessa de ajuste fiscal– deve manter a infla��o baixa, como sugerido pelas proje��es do BC, recentemente divulgadas em seu Relat�rio Trimestral de Infla��o.
Assim, taxas de juros devem tamb�m cair para menos de 7% ao ano e l� permanecer durante muito tempo, sobretudo se o pa�s avan�ar nas reformas fiscais.
S� falta mesmo explicar por que o impedimento da presidente teria como objetivo manter os juros altos, mas –vamos falar a verdade– n�o sou eu quem deve essa explica��o.
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