Jaca. Jambo. Jabuticaba,
São muitas e variadas as frutas do Brasil.
E isso só para ficar na letra J.
O francês Pierre se entusiasmava.
–É o paraííze da gastrronomie.
Os grandes chefs sabem utilizar a produção local.
No simpático bistrô La Chochotte, ele testava novas alquimias.
–Moelazinhe de frrángue com compôt de pitóng.
Não é só questão de talento.
É questão de pesquisa também.
Eram sete da manhã quando Pierre entrou no Mercado Municipal.
Cores e perfumes dançavam no ar de lá.
O vendedor Galeno oferecia amostras de apetitosos produtos.
–Vai aí um pedacinho, freguês?
Pierre não se deixou abalar.
–Ha. Órra, órra.
É o conhecido golpe da fruta.
Você prova um pedacinho.
O gosto é doce.
Mas a conta é das mais ardidas.
--Vigarriste.
Galeno partiu para a intimidação.
–Volta para tua terra, ô gringo.
Em algumas bancas do Mercado Municipal, a coisa parece que azeda.
Xingamento. Abuso. Ameaça.
O freguês é tratado como uma fruta.
Espreme-se até tirar todo o suco.
--Hón. Essa jabuticábe merrece uma chónce.
Na hora da conta, Pierre pagou em dólar.
–Moêde de grringue.
--Agora está tudo certo, freguês.
A cor das cédulas era verde.
Mas com curiosas tonalidades de limão e abacate.
No bistrô, Pierre sorri.
–Parrece que esse dinhéérre véin de prroduçón locále.
Ele recebera como pagamento na noite anterior.
–Um jontarrzinhe exclusive.
Homenagem a um famoso político brasileiro.
–Com ligaçóm com narrcotrráfque e igrréj evongélq.
O vendedor Galeno ainda tenta se livrar da moeda falsa.
–Chup, ô babaque.
Quando a vida nos traz limões, o melhor é ficar com a jabuticaba.
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