Imagine que você está navegando em um barco em mar aberto, confiando que o clima será sempre favorável. Sem se preocupar com coletes salva-vidas ou provisões extras, você assume que nada dará errado. Mas, e se uma tempestade surgir de repente? O que você faria? Essa é a pergunta que muitos ignoram quando se trata de suas finanças. A maioria acredita que tudo continuará bem, e assim deixa de se preparar para imprevistos.
Quando falamos de aposentadoria, a situação não é muito diferente de arrumar as malas para uma viagem longa. Muitos preparam suas finanças pensando: "Se faltar algo, eu compro no destino". Essa estratégia funciona quando se tem dinheiro de sobra para cobrir imprevistos. Mas o "destino" da aposentadoria não oferece essa flexibilidade. Chegando lá, o tempo de poupar já passou e não há "lojas" para comprar o que faltou. O que não foi acumulado antes, simplesmente não poderá ser recuperado. É como viajar para um local remoto sem uma mala bem feita — se você não tiver o suficiente, vai passar por dificuldades, sem como resolver.
A mesma lógica se aplica à sucessão patrimonial. Muitos acreditam que terão tempo de sobra para organizar sua sucessão, mas, quando o momento chega, as famílias são surpreendidas pela falta de acesso ao patrimônio. É como tentar atravessar um rio caudaloso sem uma ponte construída: as brigas familiares e a falta de recursos para pagar o inventário se tornam obstáculos intransponíveis. Sem um planejamento adequado e antecipado, a travessia se torna impossível, e a família fica presa do outro lado, aguardando uma solução que poderia ter sido prevista.
Agora, pense no seguro de vida como o paraquedas em salto de avião. Sem o seguro, você está empurrando sua família desse avião com um único paraquedas, ou seja, apenas o paraquedas principal. Tudo bem se ele abrir. Mas se não abrir, o impacto pode ser devastador. E é exatamente isso que acontece quando você decide não contratar um seguro de vida: aposta que tudo vai dar certo, mas, se der errado, o bem-estar da sua família estará em risco.
E não para por aí. Quando você não faz um seguro de invalidez para si mesmo, é como pular do avião sem o paraquedas reserva. Talvez você acredite que nunca precisará dele, que sempre terá condições de trabalhar e se sustentar, mas, e se algo acontecer? Quem vai garantir que as contas estarão pagas?
Infelizmente, essa falta de planejamento é comum no Brasil. Muitas pessoas adiam a poupança para aposentadoria, confiando que sempre terão tempo de corrigir o atraso. Talvez você conheça alguém que esteja perto dos 40 anos e ainda não tenha começado a investir pensando no futuro, contando com a ideia de que "depois eu corro atrás". Outros arriscam grande parte de suas economias em investimentos de alto risco, apostando que o vento sempre estará a favor, sem pensar em uma diversificação segura. E o mais preocupante: muitos poupam lentamente, sem refletir sobre o que aconteceria se um imprevisto, como uma doença ou acidente, interrompesse sua capacidade de gerar renda.
Essas situações demonstram como confiar que "tudo vai dar certo" é como navegar sem colete salva-vidas, acreditando que o mar permanecerá calmo. No entanto, tempestades surgem. Uma incapacidade temporária ou permanente de trabalhar pode devastar suas finanças se você não estiver protegido. E o pior: se você faltar, quem vai cuidar de seus dependentes? Deixar essa pergunta sem resposta é como saltar do avião sem paraquedas reserva.
A preparação financeira é o colete salva-vidas que protege você e sua família das tempestades da vida. E essa proteção não pode ser deixada para o último minuto. Aposentadoria e seguros são planos que devem começar o quanto antes, quando o "mar" ainda está tranquilo, para que você tenha segurança caso a tempestade chegue. Então reflita, como você está se preparando se algo der errado?
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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