Brasil rejeita discutir aumento de doadores em modelo de financiamento do clima na COP29

Nações desenvolvidas querem centrar negociação de novo fundo em ampliação do número de países que fariam aportes

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Brasília

A COP29, a conferência global do clima da ONU, que neste ano ocorre no Azerbaijão, se aproxima em meio a um impasse entre os países em desenvolvimento e as nações ricas sobre a renovação de compromissos de financiamento do clima.

O Secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, embaixador André Corrêa do Lago, durante reunião do G20 em Foz do Iguaçu, no início de outubro - Ricardo Botelho/MME

De acordo com o embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, e com Ana Toni, secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, os países ricos têm insistido que a nova meta de financiamento seja construída a partir do aumento do número doadores –o que incluiria emergentes como o Brasil—, hipótese rechaçada pelo governo Lula (PT).

Corrêa do Lago e Toni participaram de uma apresentação à imprensa sobre os objetivos do Brasil na COP29 na manhã desta quinta (17). Eles disseram que o tema do financiamento é um dos grandes entraves nas negociações prévias à conferência, que começa em 11 de novembro em Baku.

O principal objetivo da COP29 é discutir o novo modelo de financiamento climático que substituirá os US$ 100 bilhões (cerca de R$ 550 bilhões) anuais prometidos na COP21 em Paris, com validade entre 2020 e 2025.

Países emergentes, entre eles o Brasil, dizem que a promessa feita pelas nações industrializadas não foi cumprida.

Segundo Corrêa do Lago e Toni, há vários pontos atualmente em discussão: o valor total do novo comprometimento, a metodologia do que é contabilizado como aporte para o clima, o período que valeria para o novo fundo, a destinação dos recursos e a base de doadores.

"Os países desenvolvidos decidiram levar a discussão numa direção que os países em desenvolvimento não aceitam: dizer que nesta nova etapa o tema principal é aumentar a base de países doadores", afirmou Corrêa do Lago.

"É uma discussão que eu considera razoavelmente inútil, porque o grupo G77 + China [do qual o Brasil faz parte] está absolutamente fechado com relação à possibilidade de a solução para essa discussão ser o aumento do número de países doadores", disse também.

Para o embaixador, "a solução é na maior transparência de como esse dinheiro veio e como se destina". O diplomata pede ainda que um "novo número que represente, por parte dos países desenvolvidos, a mesma convicção de que estamos vivendo uma urgência climática que eles têm com relação ao que pedem [na revisão] das nossas NDCs [metas climáticas dos países]".

Ana Toni, por sua vez, disse que os países ricos querem transformar uma possibilidade de contribuição voluntária em obrigatória. "Isso não é aceitável de jeito nenhum."

Se o financiamento climático se coloca como um desafio, Corrêa do Lago e Toni se mostraram menos pessimistas com as negociações sobre a regulamentação do artigo 6 do Acordo de Paris, que cria as regras para um mercado global de carbono. O diplomata afirmou que o governo está "bastante otimista" com a possibilidade de avanços em relação a esse dispositivo.

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