Comerciantes e moradores dos bairros Água Verde e Portão estão assustados com os assaltos frequentes. Na Avenida República Argentina, que une os dois bairros, os criminosos agem mesmo durante o dia. A nutricionista Letícia Alexandra Ferreira, 25 anos, por exemplo, foi roubada às 15h, quando saía de seu prédio, na Avenida Dom Pedro I. “Não andei três quadras e vi um menino de bicicleta, bem novinho, vindo em minha direção. Ele me deu um chute no estômago, veio me empurrando, botou a mão no meu pescoço e arrancou minha gargantilha”, relata. Letícia gritou e tentou correr atrás dele, mas o menino que, segundo ela aparentava ter por volta de 12 anos, fugiu.
O assalto foi na terça-feira, e Letícia diz que fez o chamado ao 190 para que a polícia fosse até o local. Segundo ela, foram duas horas de espera e outras quatro ligações, sem que nenhum policial aparecesse. Quando desistiu, ela foi até a Avenida República Argentina com uma amiga e reencontrou o bandido. “Quando entrei na estaçaõ-tubo do biarticulado vi o menino que me assaltou e o comparsa dele. Liguei para a polícia novamente e avisei que eles estavam ali, mas me disseram que não podiam fazer nada porque estavam sem viatura”, afirma.
Comércio
A loja de cosméticos de Keli Picoloto, na Avenida República Argentina, foi assaltada duas vezes somente neste ano. Em uma delas, os criminosos telefonaram, pedindo entrega em outra loja conhecida da região. “Quando fomos fazer a entrega eles roubaram os produtos”, conta. Keli afirma que trabalha com receio. “A gente fica com medo, principalmente porque estamos só entre mulheres aqui”. Ela reclama ainda que falta policiamento na região. “No dia seguinte em que nos assaltaram ficou um carro da polícia o dia inteiro parado na esquina, mas foi a única vez”, diz.
A gerente de uma loja de confecções, Amarilis Pacífico de Souza, diz que é preciso ficar sempre de olhos bem abertos na região. “Acontecem bastante pequenos furtos, de a pessoa passar ali na frente e pegar alguma coisa. Não dá para se descuidar”, afirma. Ela conta que escuta muitas histórias de assalto à mão armada por ali e por isso tem medo de que isso aconteça em sua loja.
Noite
A professora de português Gisele Ferreira de Andrade trabalha há seis anos em um cursinho preparatório em uma sobreloja na República Argentina. Ela não tinha medo de ficar até à noite até o mês passado, quando um homem pediu para usar o banheiro e entrou em uma sala onde estava sua bolsa para roubar a carteira. A insegurança aumenta por conta de outros casos que viu ou ficou sabendo. “De uns tempos para cá tenho visto muita coisa, acho que aumentou muito a marginalidade”, afirma. Gisele sente falta de maior presença policial no bairro. “Vejo a polícia só passando, acho que tinha que ter um policial em cada esquina. O que acontece é que as pessoas roubam um dia e voltam no mesmo lugar para roubar de novo”.
A assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que o Água Verde e o Portão estão entre os bairros onde há mais patrulhamento, com presença policial, motos, operações especiais e operações em época de pagamento. Em caso de ocorrência, a Polícia Militar faz a orientação necessária para a situação e pede que a pessoa aguarde no local.