Regras para a televisão

A União Européia está preparando regras únicas para propaganda e marketing em seus 15 países membros. Se aprovada pelo Parlamento Europeu e pelas nações que formam o bloco, vai estabelecer definição comum para propaganda enganosa e para práticas comerciais injustas. Segundo uma notícia do The Wall Street Journal, a regulamentação proibiria, inicialmente, esquemas do tipo pirâmide e infomerciais, se eles não deixarem bastante claro que se trata de mídia paga. De acordo com o jornal, as regras podem ser, em alguns casos, menos restritivas que algumas legislações nacionais e tendem a simplificar as operações de grandes empresas, obrigadas atualmente a se adaptar a diferentes leis em diferentes países. A regulamentação única, no entanto, deverá despertar polêmica junto a anunciantes e agências. Entre as regras propostas está a proibição de propaganda que sugira às crianças que elas só serão aceitas em seus grupos se seus pais comprarem determinado produto.

Imagine se aqui no Brasil esta regra também for adotada. Tudo quanto é comercial de tevê sai do ar. Quem admite que seu pai não tenha um carro do ano, uma menina que nunca teve a sua própria Barbie, ou um garoto que não tenha brincado com um Pokémon ou lido, visto, brincado com algo sobre o Harry Potter?

Segundo uma notícia do Media Guardian, a diretriz poderá impedir que programas de tevê apresentem mulheres e homens sob imagens estereotipadas ou como objetos sexuais. Também não permitirá discriminação sexual ou “desrespeito à dignidade humana” na propaganda. De acordo com a matéria, o assunto ainda está em estágio inicial, mas já enfrenta oposição de alguns setores da própria Comissão. Aqui, praticamente seria banido qualquer comercial, até de refrigerantes.

Lá na União Européia ainda não se falou dos programas políticos e dos religiosos, que aqui são extremamente explorados na mídia.

Imaginem se proibissem aqueles horrendos pastores e suas fanáticas pregações, com sessões de exorcismo e promessas milagrosas?

E o que dizer dos nossos políticos, usando e abusando do direito de expressão e impunidade legal, para falar toda a sorte de asneiras, fazer promessas mirabolantes e enganar o povo como se fossem a solução para o mundo?

E sobre a exposição ao ridículo, não podemos deixar de citar as famosas “pegadinhas” e as “videocassetadas”, que desmoralizam cada vez mais o ser humano.

Isso para não falar da velha Hebe dando seus selinhos e a Monique Evans levando para a cama, gays, lésbicas, sarados, furados e pervertidos. Muitas vezes é preferível ir para a cama mais cedo, e mesmo não entendendo nada do inglês, francês e outras línguas a escutar pela CBN o Jô Soares dando mostras da sua “sabedoria poliglota” e entrevistando estrangeiros (frise-se com legenda) na transmissão simultânea pelo rádio ou mostrando, também pelo rádio e TV, fotos e mais fotos dos seus entrevistados.

É uma delícia. E um exercício para o descobrimento e a imaginação de qualquer um. Até me faz lembrar dos meus tempos de infância, em Ponta Grossa, quando a comunicadora Comadre Dayse, já falecida, dava um “pito” na criançada que fazia xixi na cama, alertando que ela estava sondando a piazada pelo “buraquinho do rádio”. E os pipizeiros de plantão quase morriam de medo.

Osni Gomes

([email protected]) é jornalista, editor de Exterior em O Estado e escreve aos domingos neste espaço.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo