Paulo Bernardo descarta candidatura em 2006

Apontado como um dos mais fortes nomes do PT para concorrer ao governo do Paraná no próximo ano, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, está abrindo caminho para outras candidaturas no partido. Ontem, em Curitiba, onde concedeu uma entrevista coletiva, Bernardo afirmou que sua posse no ministério, praticamente encerrou seu projeto de concorrer à sucessão do governador Roberto Requião (PMDB). ?A partir do momento que aceitei o ministério, ficou inviabilizada uma candidatura majoritária?, afirmou Bernardo.

O ministro ponderou que, para concorrer ao governo, teria que construir sua candidatura interna e externamente. E que, ocupando o cargo de ministro, não terá tempo para fazer os contatos necessários de consolidação do seu nome. ?Quando falamos em ter um candidato e para valer, tem que ter toda uma preparação no Estado inteiro. Como ministro, esse trabalho de articulação fica bastante prejudicado?, comentou.

Bernardo disse que há um sentimento unânime no partido sobre o lançamento de um candidato próprio. ?O PT do Paraná é um partido forte. Elegemos um maior número de deputados e um senador. Mas esse processo de candidatura agora terá que ser rediscutido, ou melhor, deve continuar a discussão que estava havendo?, declarou. Acompanhado pelo deputado estadual Angelo Vanhoni, o ministro citou o ex-candidato a prefeito de Curitiba como um dos nomes para o governo. ?Talvez, o Vanhoni seja uma boa opção?, disse, sem citar os outros pré-candidatos do PT, o diretor geral da Itaipu, Jorge Samek e o senador Flávio Arns.

Convivência

Sobre a sempre conflituosa relação com o governador Roberto Requião (PMDB), o ministro foi diplomático. Disse que suas divergências com o governador são pontuais e conhecidas, mas que deve haver um diálogo institucional entre ele como ministro e Requião como governador. ?O governador manifesta opiniões sobre o governo federal e nós sobre o governador e o governo dele. Mas temos que buscar um trabalho mais afinado. Existem projetos importantes para o Paraná que são financiados com recursos federais e teremos que trabalhar juntos?, afirmou.

Bernardo comentou que, no dia da sua nomeação, tentou conversar com o governador Roberto Requião, que está na China. Chegou a falar com o governador em exercício, Orlando Pessuti, e tentou ligar para Requião, mas quem atendeu foi o secretário da Indústria, Comércio e Mercosul, Luis Mussi. Mas que conversou ontem com o presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, e acha que, provavelmente, as divergências e polêmicas vão continuar e terão que ser resolvidas. ?O diálogo entre o governo do Estado e o governo federal tem que ser obrigatoriamente bom. Como é que nós conversamos com o Rigotto (o peemedebista Germano Rigotto, governador do Rio Grande do Sul), o Alckmin (o tucano Geraldo Alckmin, governador de São Paulo) e o ministro do Paraná não vai conversar com o governador do Paraná? Seria mais absurdo ainda?, disse Bernardo.

Ramal ferroviário está em estudo

A construção de um ramal ferroviário entre Guarapuava e Rebouças é a primeira proposta de PPP (Parceria Público-Privada) no Paraná, que está em estudos no Ministério do Planejamento. Segundo o ministro Paulo Bernardo, a obra não está na lista das prioridades do governo, mas ele vai tentar inseri-la. Bernardo informou que o governo vai começar em breve a executar um programa de obras em várias ferrovias, mas com financiamento público, que inclui a Ferronorte e a Transnordestina. Na modalidade PPP, estão previstas negociações na próxima semana para obras na Ferrovia Norte-Sul. Bernardo disse que, no caso do Paraná, a construção do ramal irá triplicar a capacidade de carga no trecho, beneficiando o corredor de exportações para o Porto de Paranaguá.

Conforme o ministro, diante do aperto financeiro e das demandas cada vez maiores, a saída para o governo será melhorar o uso dos recursos para garantir novos investimentos. Segundo Bernardo, não há mais espaço para aumento de impostos e o governo já sabe que a mais recente iniciativa nesse sentido, a Medida Provisória 232, não será aprovada em sua forma original. A MP propõe a redução do Imposto de Renda dos assalariados, mas aumenta os impostos para os prestadores de serviços.

Segundo Bernardo, a previsão é que a MP sofrerá mudanças significativas e terá que haver muita negociação para sua aprovação. O ministro afirmou que não há certeza sobre o início da votação na próxima terça-feira, dia 29. O governo está trabalhando numa solução que mantém a cobrança dos impostos para os prestadores, mas possibilitando a eles o ressarcimento por meio das contribuições previdenciárias, disse.

Seca

Bernardo informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva virá ao Paraná no início de abril, quando fará uma visita a uma cooperativa na Região Oeste. Lula irá conversar com os agricultores das áreas mais afetadas pela seca, afirmou o ministro, explicando que Lula foi ao Rio Grande do Sul e a Santa Catarina, estados igualmente castigados pela estiagem, e não veio ao Paraná porque houve um problema no repasse das informações sobre a extensão do problema no Paraná à Defesa Civil da União. ?O presidente não veio, mas todas as medidas anunciadas para os outros dois estados também são para o Paraná?, comentou. (EC)

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