Cunha nega negócios com Leo Pinheiro e insinua proteção a Renan Calheiros

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou nesta terça-feira, 29, que tenha negociado com o presidente da OAS, Leo Pinheiro, a aprovação de medidas provisórias no Congresso Nacional. Cunha voltou a dizer que há vazamento seletivo nas denúncias contra ele e insinuou que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RJ), está sendo poupado.

“Na ação cautelar minha, que motivou a busca e apreensão (em suas residências no Rio e em Brasília e em um escritório no Rio), tem um relatório das ligações do Leo Pinheiro com 632 páginas dizendo que são apenas 10% das chamadas dele feitas até agora. Dessas 632, por exemplo, tem 60 páginas que tratam do presidente do Senado. Ninguém publicou uma linha. Então, é preciso olhar com cautela porque se está selecionando sobre quem divulgar e justamente na que está divulgada sobre mim, misturam-se os diálogos que não são comigo ou que supostamente não são comigo”, afirmou.

No pedido de afastamento de Cunha, a Procuradoria-Geral da República identificou troca de mensagens de celular que mostram que o peemedebista atuou no Congresso em favor de interesses de empreiteiras e teria recebido valores por isso. Pelas apurações, projetos de lei do interesse das empreiteiras eram redigidas pelas próprias empresas que elaboravam o texto após “consultoria” do peemedebista. Os projetos eram, posteriormente, apresentados no Congresso por meio de jabutis em medidas provisórias.

Cunha disse que houve uma mistura no teor das mensagens e um vazamento seletivo sobre o seu caso. Questionado se achava que Renan estava sendo poupado, esquivou-se: “Não estou aqui para fazer comentário ou acusação a quem quer que seja”, disse. “Eu estou apenas te dando um fato, já que perguntaram sobre o Leo Pinheiro”, prosseguiu.

Uma das mensagens captadas mostra que Cunha teria cobrado pagamentos de R$ 1,5 milhão e de R$ 400 mil da OAS, após conversar sobre duas medidas provisórias, segundo a Procuradoria. A conversa é de outubro de 2012. No diálogo, o executivo da empreiteira questiona Cunha sobre um bônus na Medida Provisória 574, que teve o deputado Sandro Mabel (PL-GO) como relator.

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