O presidente da Bolívia, Evo Morales, quer impor um governo "autoritário" inspirado no "socialismo venezuelano" que ameaça dividir seu país, e deve negociar com Santa Cruz e outros departamentos que pedem autonomia, afirmou nesta terça-feira (6) o jornal The Washington Post.
"O referendo no maior departamento econômico do país demonstrou que o senhor Morales está promovendo uma agenda limitada e divisória que, se continuar avançando, provocará uma divisão política e étnica na Bolívia, que possivelmente levará a uma guerra civil", enfatizou Post em um editorial.
O jornal legitimou os pedidos da classe política de Santa Cruz, que no domingo conseguiu a aprovação de um referendo autonômico, ao sustentar que, junto a outros cinco departamentos, "está lutando para prevenir que Morales imponha sua própria agenda, muito mais radical".
Nesse sentido, acusou Morales de ser um "acólito" do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e de "adotar sua versão autoritária do socialismo", cujas políticas estão baseadas em "receitas econômicas catastróficas".
O jornal disse ainda que Morales é um aymara que quer governar apenas para os aymaras e os quéchuas, que representam 55% da população e vivem no altiplano boliviano, "às custas do resto do país".
The Washington Post disse que Morales deve falar com a oposição, embora o presidente boliviano já tenha chamado ao diálogo, e enfatizou que deve conceder "mais direitos aos departamentos do mesmo modo que faz com os indígenas".