Mordida no bolso

Gasolina vendida no Brasil custa 70% mais do que nos Estados Unidos

 

A recente declaração da presidente da Petrobras, Graça Foster, de que o preço do combustível poderia subir nos próximos meses, levantou uma questão que não sai da cabeça dos motoristas brasileiros: por que o combustível no Brasil é tão caro? Dados da consultoria americana Airinc mostram que a gasolina comum vendida nos postos brasileiros custa 40% a mais do que em Buenos Aires e 70% acima do comercializado em Nova Iorque. A pesquisa revelou que a gasolina brasileira ocupa a 13.ª posição entre as mais caras do mundo, próximo de países desenvolvidos.

Segundo Gilberto Antonio Cantú, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), um dos motivos para esses preços exorbitantes é a carga tributária embutida no preço. “Para se ter ideia do impacto dos tributos, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) apontou um dado interessante. Um caminhão pesado consome, em média, 2,5 km/litro de diesel. Se ele fizer, em um mês, 10 viagens de 800 km cada, consumirá 3.200 litros de diesel. Sabe-se que em cada litro de diesel paga-se R$ 0,47 em tributos. Desta forma, ao fim do mês, o transportador deste exemplo da CNT pagará R$ 1.500 em tributos incidentes sobre o diesel, de um total de R$ 6.441 gastos em combustível. É um valor alto que pesa no bolso dos transportadores. O governo é o que mais lucra com isso enquanto nós pagamos a alta conta”, compara.

Rombo chega a R$ 2.190 ao ano

A alta tributação também atinge o motorista comum. O preço do combustível ao consumidor final é atualmente composto por 39% de carga tributária (ICMS, Cide, PIS/Pasep e Cofins). O restante é dividido para a margem da distribuidora e da revendedora, 9% para o custo do álcool anidro (adicionado à gasolina) e 34% referem-se ao custo da refinaria.

Na prática, o rombo no bolso do motorista pode ser maior do que se imagina. Se o consumidor tiver um carro com um tanque de capacidade para 45 litros e gastar essa quantidade de combustível por semana, o custo será de R$ 116,50, levando-se em conta que em Curitiba o litro da gasolina custa em média R$ 2,59. Como 39% desse valor são destinados para pagar impostos, o motorista vai pagar, semanalmente, R$ 45,63 de tributos. Em um mês, o valor chega a R$ 182,52 e, em um ano, totaliza R$ 2.190.

Além do custo direto no bolso do motorista, um possível aumento no preço dos combustíveis pode afetar diretamente o valor de outros produtos. De acordo com Luiz Carlos Podzwato, superintendente do Setcepar, o impacto no custo do produto final para os consumidores é real. “Atualmente, 60% das mercadorias produzidas no País são transportadas por via terrestre. Então, um possível aumento de combustível vai afetar o preços desses produtos. Não tem como diluir esse aumento sem afetar no preço final”, diz.

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