O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, foi criticado por deputados da oposição por se ausentar da comissão especial da reforma da Previdência após seu discurso, que durou pouco mais de 20 minutos. Os oposicionistas chegaram a classificar a atitude como “covardia”, uma vez que o ministro não ficou para a segunda parte da audiência pública, que é de questionamentos dos deputados.
“Eu não sei se (Padilha ter ido embora) é falta de respeito ou se é covardia por ter se aposentado aos 53 anos”, disparou o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ). “Ele veio aqui, apresentou powerpoint e foi embora. É um desrespeito com esta comissão e covardia política.”
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também engrossou as críticas a Padilha. “O ministro veio aqui, vomitou uma série de dados que são inverídicos e não se sustentam nas tabelas oficiais do próprio governo, e saiu correndo. Essa não é uma atitude correta. Então não viesse”, disse a deputada.
O deputado Pepe Vargas (PT-RS) foi outro que reclamou da “saída à francesa” de Padilha. “Acho que ele ficou com medo de a gente perguntar se ele acha correto que ele se aposente com 53 anos e R$ 20 mil mensais e agora quer impor que um agricultor se aposente com um salário mínimo aos 65 anos. O ministro Padilha não quer responder a essa pergunta que não quer calar”, disse Pepe.
Padilha chegou à comissão da reforma da Previdência dizendo que estava “em casa” e que ficaria por mais ou menos uma hora. O ministro foi o primeiro a falar, por pouco mais de 20 minutos, e cedeu o restante do tempo total de 40 minutos para o secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano. Em seguida, Padilha conversou com a imprensa já fora do plenário e foi embora.
Caetano, por sua vez, continua na comissão para responder às dúvidas de parlamentares. O secretário foi metralhado por perguntas incisivas do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que pediu estudos econômicos e outras explicações que comprovem o déficit da Previdência, bem como avaliações de expectativa de vida regionais que assegurem a garantia de benefícios a trabalhadores do Norte e Nordeste. “Onde foram parar as receitas superavitárias da seguridade social? Esse déficit é uma falácia”, bradou.
“Quanto o País perdeu com o roubo Petrobras, fundos de pensão, Eletrobras. Aí então tem que punir o trabalhador? Juntaram tudo para vender um falso déficit e vender essa história de necessidade premente de mudança”, prosseguiu Faria de Sá. “O governo usa dinheiro para jogar fora, páginas inteiras de jornais para dizer que é preciso reformar.”