A Polícia Civil desencadeou ontem uma das maiores operações contra cooperativas de perueiros suspeitas de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Os mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça tinham como alvo as três garagens da Associação Paulistana e uma da Aliança Paulistana, que operam linhas na Zona Leste de São Paulo. Ao todo, 15 perueiros foram detidos, entre eles integrantes da diretoria das cooperativas.
Três permaneceram presos, um deles o presidente da Associação Paulistana, o ex-cabo da Polícia Militar Agnaldo Sabino Pereira, de 41 anos. Na sala dele, os investigadores encontraram 12 projéteis para fuzil calibre 762.
A blitz começou na garagem-sede da Associação Paulistana, na Vila Matilde, Zona Leste. Simultaneamente, policiais cumpriam os mandados em outras três garagens no Itaim Paulista, Limoeiro e Cidade Tiradentes. "Nosso objetivo era apreender objetos que nos ajudassem a esclarecer se essas cooperativas têm, de fato, ligação com o crime organizado", disse o delegado Murilo Fonseca Roque, do Setor de Investigações Gerais (SIG) da 7ª Seccional.
Foram apreendidos dezenas de computadores, celulares, rádios, dinheiro e documentos. O delegado pretende pedir uma perícia contábil nas planilhas financeiras para apurar o destino dos recursos obtidos pelas cooperativas. "Queremos saber quanto dinheiro vai para os associados, quanto fica com a SPTrans e se o restante financia o PCC", disse Roque.
Na Garagem 2 da Associação Paulistana, os policiais encontraram um quilo de maconha e um carregador com munição para pistola 9 mm. Dois diretores da G2, Fábio Lopes da Costa, de 26 anos, e Eliel Alves Flores, de 25, foram presos em flagrante por tráfico de drogas e por porte de munição de uso restrito.
O ex-dirigente da G2 Cleber Coca, de 34, fugiu pelo telhado ao avistar os policiais. "Acreditamos que o Coca estivesse armado", afirmou Roque. O delegado adiantou que, nos próximos dias, vai pedir a prisão preventiva de Coca. Em inquérito instaurado em março pela 7ª Seccional, Coca é acusado por outros perueiros de cobrar pedágio em duas linhas da zona leste. Os policiais desconfiam que parte do dinheiro arrecadado por ele vá para os cofres do PCC.
O vereador Senival Pereira de Moura (PT) também esteve na delegacia para prestar depoimento. Além de ser cooperado na Garagem 3 da Associação Paulistana, ele é presidente do SindLotação, entidade que representa as principais cooperativas de perueiros da cidade.
O vereador petista foi ouvido apenas na condição de testemunha e liberado na noite desta sexta-feira (22).